5. Mobilidade inteligente
 
5.1. Definição
   
       Segundo o projeto Cidades Inteligentes Europeias a mobilidade em uma cidade inteligente pode ser atingida com a garantia de quatro fatores: acessibilidade local, acessibilidade nacional e internacional, disponibilidade de uma infraestrutura de TIC e um sistema de transporte sustentável, inovador e seguro.


  

Figura 12 – Os fatores que qualificam a mobilidade de uma cidade. Fonte: [5].

5.2. Fomentando a "inteligência" da mobilidade [1], [3]
   
     A necessidade pela mobilidade no meio urbano acarreta em uma série de problemas como congestionamentos, alto consumo de energia e a poluição decorrente. Uma forma de apaziguar esses problemas é implantando um sistema de transporte inteligente que permita a troca de informações entre veículos e entre esses e a infraestrutura nas cidades inteligentes. Nessa sessão apresentamos as medidas necessárias para a implantação de inteligência na mobilidade urbana e os desafios a serem superados.

  

Figura 13 – Meios de transporte. Fonte: [24].

5.2.1. Aplicações

     As aplicações para tornar a mobilidade inteligente no espaço urbano devem ter como requisitos: reduzir a necessidade de mobilidade de indivíduos e de produtos; aperfeiçoar o planejamento e a gerência dos itinerários; prover e tornar transparente a multimodalidade nos meios de transporte; e tornar as redes de transporte mais eficientes.

     Como exemplos de aplicações nesse sentido, o estacionamento público pode ser gerenciado mais eficientemente se os motoristas fossem guiados até a vaga livre mais próxima, isso poderia ser feito com a utilização de sensores e painéis, ou ainda dispositivos no próprio veículo, que mostram a disponibilidade em cada vaga. A multimodalidade nos meios de transporte é fundamental para a redução do congestionamento no trânsito, para que ela possa ser feita com eficiência, um sistema seguro para a troca de informação entre usuários e operadores do sistema é necessário. Um sistema de controle capaz de rastrear a localização dos carros e com essa informação adaptar a gerência do tráfego em tempo real também é de extrema importância, tal flexibilidade possibilitaria, por exemplo, a configuração de uma faixa exclusiva para serviços de emergência (ambulâncias, bombeiros ou viaturas de polícia). Complementarmente um sistema dinâmico de caronas, como o CarUni [25] desenvolvido por alunos da UFRJ, otimiza a utilização do sistema de transportes ao agregar indivíduos que vivem na mesma região e têm o mesmo destino. O desafio se encontra na dificuldade de passar do sistema de transporte estático com rotas planejadas para um adaptável as necessidades diárias em uma cidade inteligente.


5.2.2. Desafios

     A adoção de tecnologias da informação e das comunicações nas áreas urbanas impacta fortemente na qualidade de vida dos habitantes. O congestionamento pode ser reduzido e ainda problemas ambientais relacionados à poluição e ao consumo de energia podem ser abrandados. Contudo, a utilização da TIC nas cidades traz uma série de desafios técnicos, sociais, regulatórios e econômicos que devem ser superados para sua adoção.

     Na área técnica, as grandes redes de comunicação implantadas (redes de sensores sem fio nos estacionamentos, por exemplo), em que as informações são levadas a um servidor central para processamento dos dados, levantam uma preocupação quanto à escalabilidade do sistema. Outro problema a ser enfrentado por esses servidores é ter de lidar com uma quantidade muito grande e heterogênea de dados enviados pelos mais diversos dispositivos.

     Uma combinação de tecnologias para a comunicação entre veículos e entre esses e a infraestrutura das ruas é necessária para garantir um sistema autoconfigurável de gerenciamento do tráfego, essa troca de informações em tempo real se constitui de mais um desafio. Em conjunto, o mecanismo de comunicação deve prever a autenticação e garantir a privacidade e segurança dos usuários. Existe ainda a necessidade de ambientes de teste de larga escala para validar o desenvolvimento de aplicações para cidades inteligentes, já que o desenvolvimento em ambientes controlados nos laboratórios não garante sua aplicação no mundo real.

     Um desafio a cargo da administração pública é propagandear e convencer a população dos benefícios que tais tecnologias podem trazer aos cidadãos. Uma parte da população pode se preocupar com questões de privacidade, já que dados pessoais serão utilizados por administradores públicos, além do pensamento de que a tecnologia está sendo utilizada para aumentar a eficiência em multar os motoristas por imprudências no trânsito ao invés de melhorar sua qualidade de vida. A aceitação e participação da população é fundamental pois depende-se dela para coletar e compartilhar dados.

     Um número grande de desafios é visualizado ao se implantar inteligência na mobilidade em centros urbanos, mas com o avanço das tecnologias e com a participação ativa das partes interessadas, a superação desses desafios será um caminho natural.