Uma vez que as complicações decorrentes do processo de urbanização podem ser abordadas de maneiras diversas, o rótulo "cidade inteligente" tem sido usado e interpretado de diferentes formas. Exemplificando, enquanto uns o associam essencialmente ao papel crescente da tecnologia da informação e das comunicações (TIC) no progresso das cidades, outros vêem o capital humano, as relações sociais e o cuidado com o meio-ambiente como os principais fatores determinantes da sustentabilidade do desenvolvimento urbano. Algumas das características de uma "cidade inteligente" comumente citadas e das ideias mais difundidas que se tem a respeito desse rótulo são expostas a seguir.
- "A utilização de uma infraestrutura de rede para melhorar a eficiência econômica e política e possibilitar o desenvolvimento social, cultura e urbano", onde o termo 'infraestrutura' refere-se a serviços de habitação, lazer e estilo de vida e a TICs. Essa visão sustenta a ideia de uma cidade conectada como principal modelo de desenvolvimento e a conectividade como sua fonte de crescimento.
- "A ênfase no desenvolvimento urbano orientado a negócios". Apesar de essa perspectiva dar um peso excessivo ao aspecto econômico no progresso das cidades, ela é corroborada empiricamente, pois pesquisas mostram que as cidades receptivas a novos negócios estão em sua maioria entre as que apresentam um desempenho socioeconômico satisfatório.
- "Um forte foco na busca da inclusão social da totalidade dos residentes urbanos nos serviços públicos".
- "Cidades que querem ser bem sucedidas devem atrair mão de obra criativa". Apesar da presença de força de trabalho qualificada e inventiva não assegurar um bom desenvolvimento urbano, esse fator é decisivo para o sucesso das cidades em uma economia globalizada e fortemente baseada no conhecimento.
- "Uma cidade inteligente é uma cidade cuja comunidade aprendeu a aprender, a adaptar e a inovar". A evolução de uma cidade em termos econômicos, sociais e ambientais depende em grande medida de sua capacidade de criar um ambiente favorável à inovação nos vários setores da sociedade, aliciando governos, indústrias, empresas, universidades e centros de pesquisa, organizações, comunidades e cidadãos para trabalhar cooperativamente. Com efeito, a inovação é o processo através do qual são encontradas soluções para problemas abrangendo desde a luta contra doenças fatais até as mudanças climáticas, é a fonte essencial de melhoria de nossa qualidade de vida e da de nossos descendentes.
- "O desenvolvimento social e sustentável como um dos principais componentes das cidades inteligentes". É evidente que um progresso duradouro só pode provir de novos paradigmas de desenvolvimento que assegurem, ao mesmo tempo, crescimento econômico, justiça social e sustentabilidade ambiental.
Um grupo de pesquisadores de diferentes universidades conduziu recentemente o projeto Cidades Inteligentes Europeias, o qual sugere que uma cidade deve ser considerada inteligente se apresentar progresso substancial em seis dimensões: governança inteligente, cidadãos inteligentes, ambiente inteligente, mobilidade inteligente, economia inteligente e modos de vida inteligentes. Esse trabalho foi fundamentado pelo estado da arte do conhecimento sobre cidades inteligentes e por teoria regionais e neoclássicas de crescimento e desenvolvimento urbano [6]. Com base nele, o
paper "Smart cities in Europe" estabeleceu pela primeira vez uma definição vastamente admitida no meio científico:
"uma cidade é dita inteligente quando investimentos em capital humano e social em conjunção com uma infraestrutura de comunicação tradicional (transporte) e moderna (TIC) alimentam um crescimento econômico sustentável e uma elevada qualidade de vida, com uma administração eficiente dos recursos naturais, através de uma governança participativa".
Figura 2 – As seis dimensões nas quais uma cidade inteligente deve apresentar bom desempenho. Fonte: [4].