Esteganografia

1. Introdução

O termo esteganografia deriva do grego, em que estegano significa “esconder ou mascarar”, e grafia, “escrita” [PETRI]. Assim, esse termo pode ser definido como a arte de esconder informações, tornando-as ocultas. Mais especificamente, a esteganografia consiste em esconder dados dentro de arquivos. Seu principal objetivo é que esses dados não sejam percebidos por terceiros; ou seja, a presença de mensagens escondidas dentro de arquivos é simplesmente desconhecida [ARTZ]. Somente o receptor da mensagem tem conhecimento de sua existência, assim como da maneira como extraí-la.

Muitos são os meios utilizados para a aplicação da esteganografia. Mensagens podem ser escondidas em imagens, utilizando-se de algumas técnicas, como a do bit menos significativo, que será descrita mais adiante. Além de imagens, arquivos de áudio também podem ser usados para ocultar mensagens, de maneira que esta não seja percebida por quem estiver ouvindo o som. Outros métodos usam também arquivos de texto, arquivos HTML e pacotes TCP para esconder informações [ARTZ].

A esteganografia possui inúmeras aplicações, como será melhor explicado na próxima seção. No entanto, é relevante notar que as técnicas também possuem algumas restrições. Por exemplo, o tamanho das informações a serem escondidas é limitado pelo tamanho do próprio meio que será utilizado. Quanto menos essas informações degradarem a aparência dos arquivos, maior é o potencial das técnicas esteganográficas. Geralmente, mensagens muito grandes acabam ferindo a integridade do meio, o que corrobora para uma fácil detecção de que uma possível mensagem foi escondida no arquivo.

É importante destacar a divergência entre os meios científico e comercial no que diz respeito ao campo da esteganografia. Enquanto os cientistas são a favor de que todos os pontos fortes e fracos dos métodos desenvolvidos sejam publicados e compartilhados livremente, o meio comercial considera isso uma ameaça aos seus negócios, uma vez que muitos podem se utilizar disso para atacar seus sistemas. Ou seja, os cientistas acreditam no compartilhamento dessas informações de maneira a sempre estar melhorando a qualidade dos algoritmos já desenvolvidos, com base no feedback encontrado; a área comercial, por outro lado, prefere que um controle seja aplicado, para que outras pessoas não consigam detectar os algoritmos e destruir informações essenciais para o sucesso das empresas [WAYNER].

1.1 – Um pouco de história

A esteganografia não é uma área nova. Muitas técnicas podem ser encontradas há milhares de anos atrás. Na Grécia Antiga, por exemplo, tabletes de madeira cobertos com cera eram utilizados para a escrita e a comunicação; ou seja, as informações eram escritas na cera, e quando elas não eram mais necessárias, a cera era derretida, e uma nova camada era colocada sobre a madeira. Para esconder mensagens, muitos utilizavam um método que consistia em escrever essas mensagens na madeira e, uma vez que a madeira era coberta com uma camada de cera, não era possível saber da existência de tais mensagens [PETRI].

Outro método antigo foi atribuído ao general Histiaeus, também na Grécia Antiga. Seu método baseava-se em raspar a cabelo de um escravo, e tatuar a mensagem em sua cabeça. Uma vez que o cabelo já estava grande o suficiente para camuflar essa mensagem, o escravo era enviado ao destinatário para que a mensagem pudesse ser entregue [GIL et al.].

O termo “esteganografia” só ficou conhecido no século XV, quando o monge Trithemius publicou o livro Steganographia, escrito em três volumes. Na época em que foi publicado, acreditava-se que esse livro tinha como assunto principal magias, espíritos, entre outros. Porém, mais tarde, a “chave” para a decodificação do livro foi identificada, e descobriu-se que, na verdade, o livro falava sobre esteganografia e criptografia, detalhando várias técnicas destinadas a enviar mensagens sem que elas fossem percebidas [GIL et al.].

Na Segunda Guerra Mundial, as tintas invisíveis começaram a ser utilizadas. As mensagens escritas por esse tipo de tinta só poderiam ser lidas se o papel fosse aquecido. Também na mesma época, com o advento da fotografia, surgiram os chamados micropontos, onde as mensagens eram fotografadas e reduzidas ao tamanho de um ponto, para então serem enviadas [PETRI].

Hoje em dia, a esteganografia digital vem sendo freqüentemente utilizada. Nela, meios digitais, como imagens, arquivos de áudio e a Internet são usados para esconder mensagens secretas. Os principais métodos utilizados serão apresentados nesse trabalho.

1.2 – Esteganografia x Criptografia

Ao contrário do que pode parecer, esteganografia e criptografia são duas áreas com objetivos diferentes. Enquanto que o segundo tem o propósito de impedir que as pessoas saibam o conteúdo de uma mensagem, o primeiro se baseia em evitar que as pessoas saibam que a mensagem existe. Ou seja, na criptografia, os receptores sabem da existência das mensagens, porém não conseguem, a princípio, lê-las; a esteganografia tenta fazer com que os receptores não percebam que há uma mensagem naquele meio [WAYNER].

Para que a comunicação seja a mais privada possível, muitos combinam a esteganografia com a criptografia. Dessa forma, caso seja descoberto que a mensagem está camuflada, ainda existirá um novo obstáculo a ser superado para que ela possa ser lida.