Redes de computadores II

Pedro Paulo Dayrell Rossi

INTRODUÇÃO

 

Os backbones atuais da Internet suportam velocidades de transferência na ordem de dezenas de gigabits, o que já seria suficiente para transmissão de vídeo em tempo real. A Internet, no entanto, é uma rede de redes, onde cada rede individual possui suas próprias características de velocidade de transferência. Esta propriedade dificulta a garantia de QoS (Quality of Service) ponto-a-ponto. O local onde geralmente são encontradas as menores velocidades de transferência na Internet são nas conexões dos usuários finais ao provedor de serviço ou provedor de conexão. Esta conexão entre usuário final e provedor é denominada “loop ou enlace local (local loop)”, “acesso metropolitano (metro Access)”, “última milha (last mile)” ou “primeira milha (first mile)”. É esta primeira milha que age como um gargalo de velocidade para os serviços que se quer prestar ao usuário consumidor.

 

Vale lembrar que esta conexão de primeira milha não se limita à conexão de um usuário final com um provedor de acesso à Internet. Ela também considera a conexão de um usuário ou assinante de qualquer serviço de redes de comutação de pacotes. Nestas redes geralmente há um backbone de alta velocidade, com as conexões para os usuários finais bem mais lentas. A razão pela qual foi dado o exemplo da Internet deve-se ao fato de que se falar em infraestrutura de redes de grande porte, sem considerar que estas redes tenham conexão com a Internet, é contraproducente.

 

Várias soluções têm sido utilizadas a fim de prover velocidades crescentes à primeira milha, o que se conhece pela denominação comercial de “acesso em banda larga” ou “Internet em banda larga”. Tecnologias como xDSL, cable modems e rádio são as mais empregadas, oferecendo velocidades de transmissão típicas da ordem de 256Kbps a 8Mbps para o usuário doméstico. Os principais problemas encontrados para o enlace entre o usuário final e o provedor são os gargalos de desempenho, limitações para aumento das velocidades, complexidade de configuração e custo. O Ethernet apresenta uma alternativa viável para o atual estado da tecnologia.

 

Em junho de 2004, o IEEE – entidade de classe que reúne profissionais da computação do mundo todo e responsável pela publicação de inúmeros padrões utilizados em engenharia e computação – aprovou o padrão denominado IEEE 802.3ah, que define protocolos e tecnologias para o Ethernet na Primeira Milha. As sub-áreas deste padrão abrangem ponto-a-ponto a cobre, ponto-a-ponto a fibra ótica, ponto-a-multiponto a fibra ótica e Operação, Administração e Manutenção (OAM – Operation, Administration, and Maintenance). As três primeiras sub-áreas tratam de topologias de acesso para o usuário e neste trabalho será abordada somente a ponto-a-multiponto a fibra ótica que constitui a EPON (Ethernet Passive Optical Network ou Rede Ethernet Ótica Passiva).