MODULAÇÃO
Índice Introdução Modulação em Fase Modulação em Amplitude Modulação em Freqüência Espalhamento Espectral CCK (Complementary Code Keying) OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplex) Exemplo: Padrão 802.11 Conclusão  Bibliografia
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA



TRABALHO FINAL DE REDES I

TEMA: MODULAÇÃO

ALUNA: Maria Moura Malburg
DRE: 099138272
DATA: 04 de novembro de 2004


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1. Índice
1) Introdução
2) PSK – Phase Shift Keying
    • BPSK – Binary Phase Shift Keying
    • QPSK – Quadrature Phase Shift Keying

3) QAM – Quadrature Amplitude Modulation
4) FSK – Frequency Shift Keying
    • GFSK – Gaussian Frequency Shift Keying
5) Espalhamento de Espectro
    • DSSS - Direct Sequence Spread Spectrum
    • FHSS - Frequency Hopping Spread Spectrum
6) CCK - Complementary Code Keying
7) OFDM – Orthogonal Frequency Division Multiplex
8) Exemplo: O padrão 802.11
9) Conclusão
10) Bibliografia
2. Introdução
Num sistema de transmissão de dados, seja ele digital ou analógico, com ou sem fio, precisam-se utilizar formas de inserir as informações úteis em um sinal de Rádio Freqüência, chamado de onda portadora, que será o veículo de transporte da informação de um ponto a outro. Estas formas de inserção de informação em um sinal são chamadas de modulação, e permite que esta informação seja transportada embutida nos parâmetros de amplitude, freqüência ou fase da portadora.

Como atualmente existe uma enorme variedade de técnicas de modulação, muitas das quais são exaustivamente estudas em disciplinas obrigatórias ao longo do curso de Engenharia Eletrônica, neste trabalho serão abordadas apenas algumas das técnicas atuais de modulação que são mais relevantes para os temas abordados ao longo da disciplina Redes de Computadores I.

Nas modulações digitais, os bits do sinal de informação são codificados através de símbolos. A modulação é responsável por mapear cada possível seqüência de bits de um comprimento preestabelecido em um símbolo determinado. O conjunto de símbolos gerado por uma modulação é chamado de constelação, sendo que cada tipo de modulação gera uma constelação de símbolos diferentes. Os símbolos nos quais as seqüências de bits de um sinal de informação são transformadas é que serão transmitidos pela onda portadora.
A seguir, serão ilustradas algumas técnicas de modulação bem como algumas  vantagens que estas possam proporcionar.
3. Modulação em Fase
PSK (Phase Shift Keying)
O PSK é uma forma de modulação em que a informação do sinal digital é embutida nos parâmetros de fase da portadora. Neste sistema de modulação, quando há uma transição de um bit 0 para um bit 1 ou de um bit 1 para um bit 0, a onda portadora sofre uma alteração de fase de 180 graus. Esta forma de particular do PSK é chamada de BPSK (Binary Phase Shift Keying). Quando não há nenhuma destas transições, ou seja, quando bits subseqüentes são iguais, a portadora continua a ser transmitida com a mesma fase.

Esta variação de fase em função da transição de bit do sinal é ilustrada na figura a seguir:
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QPSK (Quadrature Phase Shift Keying)
A modulação QPSK é uma técnica de modulação derivada do PSK, porém neste caso, são utilizados parâmetros de fase e quadratura da onda portadora para modular o sinal de informação. Como agora são utilizados dois parâmetros, existem mais tipos possíveis de símbolos nesta constelação, o que permite que sejam transmitidos mais bits por símbolo. Por exemplo, se quisermos transmitir 2 bits por símbolo, ao invés de 1 bit por símbolo como no caso PSK acima, neste caso, como teremos 4 tipos de símbolos possíveis, a portadora pode assumir 4 valores de fase diferentes, cada um deles correspondendo a um dibit, como por exemplo 45o, 135o, 225o e 315o.   A figura abaixo ilustra em um diagrama de fase e quadratura (IQ) os 4 possíveis símbolos gerados pela modulação QPSK usando 2 bits por símbolo.

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DQPSK (Differential QPSK)
A modulação DQPSK é uma forma particular da modulação QPSK, na qual ao invés de ser enviado um símbolo correspondente a um parâmetro puro de fase, este símbolo representa uma variação de fase. Neste caso, cada conjunto de bits representado por um símbolo provoca uma variação de fase determinada no sinal da portadora. Para o caso de 2 bits por símbolo, cada dibit provoca uma mudança de fase como indicado na tabela a seguir:

DIBIT
Mudança de fase
00
+ 0o
01
+ 90o
10
+ 180o
11
+270o

Assim, as seguintes variações de fase são possíveis, em função do dibit recebido:

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Adicionalmente, para se diminuir o espectro de freqüência do sinal transmitido, os bits podem passar por um filtro antes de entrarem no modulador, para que a transição entre os bits seja suavizada. As figuras abaixo mostram a diferença do espectro de freqüência do sinal QPSK com e sem o uso de filtro antes da modulação.

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Como observado nestas figuras, o uso de filtros antes do modulador permite se obter uma melhor eficiência espectral na modulação DQPSK. Esta modulação é bastante utilizada em diversos sistemas de transmissão aérea, em associação com outras técnicas de modulação como a CCK, que será explicada mais adiante.
4. Modulação em Amplitude
QAM (Quadrature Amplitude Modulation)
Nesta forma de modulação, os símbolos são mapeados em um diagrama de fase e quadratura, sendo que cada símbolo apresenta uma distância específica da origem do diagrama que representa a sua amplitude, diferentemente da modulação PSK, na qual todos os símbolos estão a igual distância da origem. Isto significa que as informações são inseridas nos parâmetros de amplitude e quadratura da onda portadora.
No caso do 16 QAM, a constelação apresenta 16 símbolos, sendo 4 em cada quadrante do diagrama, o que significa que cada símbolo representa 4 bits. Podemos ter também, por exemplo, o modo 64 QAM, cuja constelação apresenta 64 símbolos, cada um deles representando 6 bits. A figura abaixo mostra as constelações geradas pelos dois modos QAM mencionados acima:
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Pode-se notar que no modo 16QAM alcança-se uma taxa de transmissão menor do que no modo 64 QAM, uma vez que cada símbolo transporta um número menor de bits. No entanto, no modo 16 QAM, a distância euclidiana entre os símbolos é maior do que no caso do modo 64QAM. Isto permite que o modo 16QAM possibilite uma melhor qualidade de serviço (QoS), pois a maior distância entre os símbolos dificulta erros de interpretação no receptor quando este detecta um símbolo.
5. Modulação em Freqüência
FSK (Frequency Shift Keying)
A modulação FSK atribui freqüências diferentes para a portadora em função do bit que é transmitido. Portanto, quando um bit 0 é transmitido, a portadora assume uma freqüência correspondente a um bit 0 durante o período de duração de um bit. Quando um bit 1 é transmitido, a freqüência da portadora é modificada para um valor correspondente a um bit 1 e analogamente, permanece nesta freqüência durante o período de duração de 1 bit, como mostrado na figura a seguir.

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Alternativamente, podem-se, por exemplo, utilizar 4 freqüências de transmissão diferentes, cada uma delas correspondendo a 2 bits. Este modo é chamado de 4FSK. Isto aumentaria a taxa de bits transmitidos, mas em contrapartida aumenta também a banda de freqüência de transmissão utilizada.

A modulação FSK apresenta o inconveniente de ocupar uma banda de freqüência bastante alta, devido a estas variações bruscas de freqüência em função da transição de bits, além possibilitar taxas de transmissão relativamente baixas.
GFSK (Gaussian Frequency Shift Keying)
No GFSK os dados são codificados na forma de variações de freqüência em uma portadora, de maneira similar à modulação FSK. Portanto, o modulador utilizado pode ser o mesmo que para a modulação FSK. Todavia, antes dos pulsos entrarem no modulador, eles passam por um filtro gaussiano, de modo a reduzir a largura espectral dos mesmos. O filtro gaussiano é uma espécie de formatador de pulso que serve para suavizar a transição entre os valores dos pulsos. A figura abaixo ilustra a transformação dos pulsos após passarem pelo filtro gaussiano.
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A modulação GFSK é utilizada nos sistemas Bluetooth, uma vez que provê uma melhor eficiência espectral em relação à modulação FSK.
6. Espalhamento Espectral
O principio das técnicas de modulação usando espalhamento espectral é aumentar a quantidade de bits utilizados para transmitir uma mesma informação, de modo espalhar o espectro de freqüência do sinal. Desta forma, aumenta-se a banda de freqüência na qual o sinal é transmitido. Normalmente, utiliza-se um código de espalhamento que é multiplicado pelos bits de informação. Os códigos de espalhamento são muito usados em transmissões digitais, principalmente em WLANs, uma vez que, pelo fato de espalharem o sinal na freqüência, proporcionam uma série de vantagens que melhoram consideravelmente a performance de transmissão. Estas vantagens são:
    • Imunidade com relação a ruídos e interferências
    • Imunidade a distorções devido a multipercursos
    • Imunidade a interferências e de desvanecimentos de banda estreita
    • Diversos usuários podem compartilhar a mesma banda de freqüência, com baixa interferência
    • Podem ser usados para a criptografação dos sinais
A seguir, suas técnicas de espalhamento espectral serão mais detalhadamente analisadas.
DSSS (Direct Sequency Spread Spectrum)
De acordo com esta técnica de espalhamento, os bits de informação são multiplicados por uma seqüência de espalhamento chamada de seqüência de Barker de 11 chips que é dada por (1 0 1 1 0 1 1 1 0 0 0). Desta forma, por exemplo, em um dos modos de DSSS utilizados, tem-se que cada bit do sinal original passa a ser representado no sinal a ser transmitido por 11 chips. Esta modulação aumenta a banda de freqüência ocupada pelo sinal, o que significa o espalhamento deste sinal na freqüência.
A figura abaixo mostra o como é feito o espalhamento do sinal no tempo:

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Agora veremos o resultado do espalhamento espectral comparando o espectro de freqüência do sinal original e seu espectro após o espalhamento.
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Após ser espalhado, o sinal é modulado em uma portadora. Normalmente, são usados dois esquemas de modulação para DSSS, que são o DBPSK (Differential Binary Phase Shift Keying) que permite uma taxa de 1Mbps e o uso de DQPSK (Differential Quadrature Phase Shift Keying) que permite uma taxa de 2Mbps.
FHSS (Frequency Hopping Spread Spectrum)
O Frequency Hopping baseia-se na rápida variação da freqüência de transmissão do sinal em um padrão pseudoaleatório, sendo que cada freqüência é utilizada para a transmissão somente durante um intervalo de tempo muito curto, chamado de tempo de permanência (dwell time). Este tempo de permanência pode ser ajustado e deve ser menor do que 400 ms. A rápida variação da freqüência de transmissão é chamada de saltos freqüência. Estes saltos são determinados por um gerador de números pseudoaleatórios instalado em cada uma das estações do sistema, onde cada número pseudoaleatório corresponde a uma freqüência, como ilustrado na figura abaixo.
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Portanto, para que este sistema funcione, é necessário que todas as suas estações estejam sincronizadas e funcionando simultaneamente com a mesma seqüência pseudoaleatória de freqüências, para que possa haver compatibilidade entre elas. Isto é possível se os geradores de números pseudoaleatórios de todas elas utilizarem a mesma semente, pois desta forma, a seqüência pseudoaleatória gerada em cada uma delas será a mesma.
É possível que dois sistemas de FH utilizem uma mesma banda de freqüência, pois se eles forem configurados para utilizarem seqüências de hopping diferentes, isto impedirá que ocorra interferência entre eles.
Para realizar esta variação de freqüências, o FH utiliza 79 canais de 1 MHz de largura. O diagrama espectral do FHSS é parcialmente ilustrado na figura abaixo.

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O FH utiliza modulação GFSK, sendo 2GFSK para a taxa de 1Mbps e 4GFSK para uma taxa de 2Mbps. Adicionalmente, o FHSS provê segurança na transmissão de dados, uma vez que é necessário conhecer-se tanto a seqüência pseudoaleatória que determina os saltos de freqüência, bem como o tempo de permanência em cada freqüência, para que se possa escutar inadvertidamente a conversação entre duas estações que utilizem FHSS.
7. CCK (Complementary Code Keying)
A modulação CCK é uma forma de espalhamento espectral utilizando códigos complementares binários. Portanto, para se entender a modulação CCK, precisa- se primeiramente saber o que são os códigos complementares binários.

Os códigos binários complementares são seqüências de mesmo comprimento, sendo que o número de pares de elementos iguais com uma separação determinada dentro de uma seqüência é igual ao número de pares de elementos diferentes com esta mesma separação dentro da seqüência complementar e vice- versa. Seqüências complementares possuem autocorrelação nula.

Os códigos complementares binários são um subgrupo dos códigos polifásicos que também são seqüências com propriedades complementares, de modo similar aos códigos complementares descritos acima, porém seus elementos possuem parâmetros de fase que podem variar entre os elementos do conjunto {1, -1, j, -j}.

Um exemplo de seqüência de código complementar será ilustrado a seguir:

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A seqüência complementar binária inclui normalmente 8 bits (d7, d6, d5, d4, d3, d2, d1, d0) e é utilizada para a geração de uma palavra código complexa obtida pela fórmula:


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Como pode ser visto, esta palavra código complexa compreende 8 elementos, os quais são denominados de chips. Estes chips são definidos pelos parâmetros de fase φ1 a φ4, os quais são determinados pelos bits da seqüência complementar binária, como ilustrado na tabela abaixo:

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No caso do sistema CCK, a codificação destes parâmetros de fase é feita com base na modulação DQPSK, de modo que os seguintes resultados são obtidos:

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É importante notar que, utilizando-se a modulação ilustrada na tabela acima para os parâmetros de fase φ1 a φ4, e aplicando seus valores correspondentes à fórmula de geração da palavra código mencionada anteriormente, os únicos valores possíveis para os chips da palavra código são {1, -1, j , -j }.

Portanto, cada 8 bits de seqüência de código complementar recebidos no modulador de banda-base são utilizados para modular as fases φ1 a φ4 e em seguida formar a palavra código complexa constituída de {1, -1, j , -j} correspondente a esta seqüência.

Analizando-se a formula da palavra código, podemos notar que o primeiro termo de fase φ1 é utilizado em todos os termos desta palavra, o que significa que ele serve basicamente para realizar uma rotação correspondente à fase que ele codifica na palavra código complexa.

Em seguida, este código é utilizado para modular a onda portadora e espalhar o sinal de informações a ser transmitido da seguinte forma: a saída de um embaralhador (scrambler) de bits de dados entra em um modulador através de um multiplexador 1:8 de entrada serial e saída paralela, de modo que cada grupo de 8 bits é modulado separadamente. Destes 8 bits, os seis últimos e mais significativos são utilizados para selecionar uma dentre um conjunto de 64 palavras código complexas de 8 chips.
A palavra selecionada é em seguida alimentada a um modulador diferencial. Enquanto isso, os dois primeiros e menos significativos bits de dados que entram no multiplexador são utilizados para realizar uma rotação de fase da palavra código complexa selecionada, fazendo uma espécie de modulação QPSK desta palavra código complexa. As saídas deste modulador são os termos de fase e quadratura da palabra código após a rotação. Estes símbolos são transmitidos através de uma única portadora.

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Portanto, pode-se observar que 6 bits de dados foram espalhados em 8 chips de uma palavra código, e 2 bits adicionais são enviados na forma de modulação QPSK desta palavra código. Dessa forma, cada símbolo CCK é formado por 8 bits. A taxa de chipping do CCK é 11 Mchip/s, o que resulta em uma taxa de 11Mbps ou 1,375 MS/s.

A modulação CCK também pode ser feita no modo 5,5Mbps, em que são utilizados 4 bits por símbolos.
8. OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplex)
A modulação OFDM utiliza diversas portadoras ortogonais para transmitir um sinal. Mas antes de ser modulado na portadora, este sinal passa por diversas etapas de processamento que melhoram ainda mais a performance alcançada pelo OFDM. 
Primeiro, os dados são submetidos a sistemas de proteção de erro que são a inserção de um código corretor de erros como por exemplo o Reed- Solomon e embaralhamento (scrambling), em que os bits de um mesmo byte são todos misturados.
Em seguida, os bits passam por um processo de entrelaçamento ou interleaving, no qual eles são reorganizados de modo que bits subseqüentes passam a ser separados no tempo. Desta forma, a informação torna-se mais imune a erros do tipo rajada (erros de burst), que atingem bits subseqüentes, pois após este processamento, estes erros passam a atingir bits pertencentes a diversos bytes diferentes, que estão muito distantes na informação original. Isto torna mais fácil a recuperação do sinal original no receptor.  

No processo de modulação OFDM, diversas portadoras em freqüências diferentes são utilizadas para modular o sinal digital, sendo que cada portadora transporta apenas alguns bits do sinal original após passar pelos processos de interleaving, embaralhamento e incluir códigos de correção de erro. Estas portadoras são ortogonais entre si, para evitar que haja interferência entre elas. Isso significa que o espaçamento entre as portadoras é igual ao inverso da duração de um símbolo. A figura abaixo mostra como as portadoras são separadas no tempo e na freqüência. As portadoras são ilustradas com cores diferentes mostrando que pedaços de um mesmo bit são transmitidos por portadoras distantes entre si tanto no tempo como na freqüência.

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Normalmente, nos sistemas de TV digital, por exemplo, são utilizadas 2000 ou 8000 portadoras. Estas portadoras podem ser moduladas utilizando, por exemplo, QPSK, 16 QAM ou 64 QAM. Desta forma, cada portadora pode transportar uma taxa relativamente baixa de bits. Além disso, como cada parte do sinal é transportada por uma portadora em uma freqüência diferente, isso permite também imunidade ao sinal quanto à interferência em freqüências específicas, uma vez que somente uma pequena quantidade de bits serão atingidos, os quais estão bem distantes no sinal original.
A figura abaixo é um fluxograma das etapas de processamento de sinais às quais o sinal de informação é submetido quando da modulação OFDM.
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Os símbolos modulados em QAM ou QPSK são apenas representações das suas posições espaciais na constelação de símbolos no domínio da freqüência. Fazendo-se a IDFT destes símbolos, eles são colocados no domínio do tempo em portadoras ortogonais. Ao receber o sinal, o receptor deve apenas fazer a DFT dos blocos de sinal recebidos, para obter o sinal enviado.

Quando os sinais são modulados nas portadoras, são ainda inseridos intervalos de guarda entre os bits, ou seja, há um pequeno intervalo de tempo entre a informação útil de um bit e a informação útil do bit seguinte. O novo posicionamento das portadoras no tempo devido à inserção do intervalo de guarda é claramente ilustrado na figura que segue.
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Este processo reduz a taxa de bits de cada portadora, mas por outro lado proporciona uma maior robustez ao sinal com relação a ecos e multipercursos. Por exemplo, em ambientes bastante montanhosos ou com muitas edificações, é comum que o receptor receba reflexões do sinal com certo atraso. O intervalo de guarda evita a interferência entre símbolos.

Como pode ser observado, a modulação OFDM exige uma quantidade considerável de processamento de sinais. No entanto, ela mostra-se bastante eficiente e robusta em diversos parâmetros de transmissão e, por conta disso, ela é muito usada em diversos sistemas de transmissão aérea, apesar de ocupar uma banda de freqüência bastante larga.
9. Exemplo: Padrão 802.11
O 802.11 é o padrão utilizado para redes WLAN. A seguir, será brevemente analisado um exemplo de aplicação de algumas das modulações descritas ao longo do trabalho neste padrão de transmissão.
Atualmente, considera-se uma boa opção para os novos padrões 802.11, tal como o 802.11g o uso da modulação CCK associada à modulação OFDM. Neste caso particular, a modulação CCK é utilizada no preâmbulo ou cabeçalho dos pacotes de daos e a modulação OFDM é aplicada ao resto das informações úteis.

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Este processo é chamado de híbrido, por utilizar os dois tipos de modulação e é utilizado da seguinte forma:
Quando um aparelho Wi-Fi em serviço entra em operação e começa a enviar um pacote de dados, o cabeçalho CCK faz com que todos os aparelhos Wi-Fi sejam informados de que uma transmissão está começando e principalmente de qual será a duração em ms desta transmissão. Mesmo os aparelhos Wi-Fi aos quais esta informação não é destinada ficam informados a respeito da duração desta transmissão e, durante este intervalo de tempo, eles não iniciam uma tentativa de transmissão. A seguir, a informação útil é enviada modulada em OFDM, pois a modulação OFDM possibilita uma transmissão a taxas muito mais altas do que a modulação CCK.

Este processo híbrido evita a ocorrência de colisões (CSMA/CA), uma vez que todos os aparelhos ficam informados de que algum outro aparelho irá transmitir e também da duração desta transmissão, e ao mesmo tempo permite que aparelhos do padrão 802.11g utilizando OFDM para a transmissão de informação útil possam ser compatíveis com o padrão 802.11b que utiliza essencialmente a modulação CCK.
Inicialmente, o uso deste sistema provoca um aumento de overhead em relação ao sistema usando modulação OFDM pura, uma vez que o preâmbulo CCK é mais longo do que o OFDM. Mas este aumento é compensado pelo fato de que este sistema também possibilita a compatibilidade com outros sistemas já existentes que usam CCK no preâmbulo e nos bits de informação útil, bem como uma maior taxa de transmissão de dados (maior do que 20 Mbps).
10. Conclusão
As técnicas de modulação buscam, atualmente, aumentar cada vez mais as taxas de transmissão, utilizando uma menor banda de freqüência e com uma maior segurança, para que não ocorra perda de informação durante a transmissão. Cada técnica de modulação tem uma performance diferente de transmissão apresentando boas performances em determinados parâmetros em detrimento de perdas de performance em outros parâmetros.
Por exemplo, normalmente, aquelas técnicas de modulação que permitem maiores taxas de transmissão utilizam uma maior banda de freqüência, como no caso da modulação OFDM que utiliza diversas portadoras, ou então proporcionam menos segurança para a informação, pois apresentam uma constelação com símbolos muito próximos entre si, com uma distância euclidiana muito pequena, o que aumenta as possibilidades de erro de interpretação destes símbolos no receptor.
Portanto, cada sistema de transmissão utiliza técnicas de modulações que apresentem melhores performances naqueles quesitos que são mais importantes para ele. No caso dos sistemas de transição cujo meio de propagação é o ar, é necessário, por exemplo, utilizar-se uma técnica de modulação que apresente boa performance com relação a multiplos percursos, que proporcione proteção à informação contra a escuta de pessoas não autorizadas, que tenha boa imunidade a ruido entre outras coisas. Por isso, é comum utilizar-se a modulação OFDM que atualmente apresenta melhores resultados nos quesitos acima.
Já no caso dos sistemas de transmissão com fio, os parâmetros de maior importância são outros e dependem também do tipo de informação que é mais freqüentemente transmitido neste sistema. Para o caso de transmissão de voz, são admitidas maiores perdas de informação sem que haja uma queda considerável de qualidade de serviço do que no caso de transmissão de imagem, por exemplo.

Portanto, devido à enorme variedade de tipos de modulação, atualmente existem modulações adequadas para qualquer tipo de serviço que se deseja proporcionar. É apenas necessário que se faça uma análise adequada de cada uma delas, para que se possa escolher aquela que proporciona melhores resultados para o serviço em questão.
11. Bibliografia
Communication Systems (4th edition) – autor: Simon Haykin – Editora Wiley

Redes de Computadores (4ª edição) – autor: Andrew S. Tanenbaum – Editora Campus

Principles of Wireless Communication – Paulo S. R. Diniz – Sinal Processing Laboratory


http://www.eet.com/in_focus/communications/OEG20020201S0035 


http://ludo.ece.jcu.edu.au/subjects/ee3700/notes/EE3700DigitalCommSystems.pdf

http://www.gta.ufrj.br/seminarios/semin2003_1/aurelio/2-80211.htm