2.2 Arquitetura
     Para contornar os problemas de atrasos e desconexões, as DTNs utilizam a técnica de comutação de mensagens, além do armazenamento persistente. Na técnica de comutação de mensagens, nenhum circuito é estabelecido com antecedência entre a origem e o destino, não existindo uma fase de conexão anterior ao envio de dados. Quando uma mensagem precisa ser enviada, ela é armazenada e encaminhada nó a nó desde a origem até o destino. Por utilizar essa técnica, diz-se que as DTNs são redes do tipo armazena-e- encaminha (store-and- forward), ou seja, primeiro a mensagem é recebida integralmente e armazenada para, em seguida, ser enviada ao próximo nó e assim por diante, até alcançar o destino.
     Deve ser ressaltado que a operação armazena-e-encaminha em DTNs dé diferente da que ocorre em outros protocolos tradicionais de rede. Por exemplo, em redes IP, o armazenamento ocorre por um pequeno período de tempo até que os pacotes sejam encaminhados para o próximo nó. Este armazenamento é normalmente feito por memórias (ex. dos roteadores) e o tempo de armazenamento é da ordem de milissegundos. Visto que as DTNs não operam sobre enlaces que estão sempre disponíveis, espera-se que os nós armazenem mensagens durante algum tempo. Nesse caso, o tempo de armazenamento em DTNs pode ser até da ordem de horas ou dias, sendo preciso alguma forma de armazenamento persistente (ex. disco rígido, memória flash de dispositivos portáteis) para preservar as informações diante de reinicializações no sistema.
     O maior problema está na elaboração de protocolos de roteamento para DTNs, pois estes precisam ser capazes de suportar atrasos muito longos e ainda freqüentes desconexões, mesmo durante uma transmissão, e nem sempre possuem um caminho fim-a-fim entre a origem e o destino, confiando na técnica denominada Transferência de Custódia. Essa técnica consiste em transferir a custódia de um nó remetente para um nó intermediário, que se encarregará de encaminhar para o nó de destino ou para outro nó intermediário. Vale lembrar que o ACK, ou seja, a mensagem de confirmação que o nó de destino recebeu a mensagem, deverá ser entregue tanto para o(s) nó(s) intermediário(s) como para o nó de origem. Já existem alguns modelos de roteamento em estudo e teste, mas eles estão fora do escopo deste trabalho e não serão descritos aqui.
     Para implementar a técnica de comutação de mensagens e o armazenamento persistente, foi criada uma sobrecamada, denominada Camada de Agregação (Bundle Layer) entre a camada de aplicação e a camada de transporte. Vale notar que essa escolha foi feita para que as aplicações não tenham que ser desenvolvidas levando em conta os problemas de atrasos e desconexões e também para garantir a interoperabilidade com vários tipos de redes. Ficando acima da camada de transporte, não importa qual protocolo está sendo usado nas camadas inferiores. A arquitetura proposta pelo IRTF garantirá a entrega das mensagens em cenários desconectados e/ou de atrasos longos e variáveis. A sobrecamada está ilustrada abaixo:
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     O protocolo de agregação (Bundle Protocol) é especificado na RFC 5050 e a arquitetura DTN é especificada na RFC 4838.