3. Desafios do meio
     Pelo fato da comunicação ser realizada no meio aquático, ela encontra algumas dificuldades. A primeira delas é a utilização da comunicação acústica, já que tanto a comunicação eletromagnética quanto a óptica não são eficientes no meio aquático. Além disso, pela utilização de dispositivos com tamanho limitado e adaptados à pressão ambiente, há também limitações em termos de bateria e outras dificuldades operacionais.
     Apesar das transmissões eletromagnéticas e ópticas serem úteis quando utilizadas no meio aéreo, elas se tornam praticamente inviáveis no meio aquático. As transmissões eletromagnéticas sofrem atenuações fortes e, dessa forma, apenas sinais de grande potência e baixa frequência possuem algum alcance útil, o que exige o uso de uma antena grande, inviabilizando seu uso. Já no caso das transmissões ópticas, a comunicação sofre com a absorção da luz pela água, além do espalhamento devido a difrações produzidas pelas partículas suspensas no meio aquático, da necessidade de alinhar o transmissor e o receptor e da falta de eficiência em águas rasas, devido ao excesso de luz.
     Portanto, a melhor forma de comunicação é a acústica. No entanto, há problemas relacionados a limitações da banda passante, que é extremamente reduzida no meio; latência, pois a comunicacão pode sofrer um grande atraso; alta taxa de erros e reverberações, por haver reflexões no fundo e na superfície.
     No que tange às limitações da banda passante, ela depende das perdas de transmissão e do ruído. A absorção pelo meio é diretamente proporcional à distância e à frequência, ou seja, quanto maior a distância e/ou a frequência, mais absorção e, portanto, menor o sinal recebido no receptor. Isso é ilustrado pela figura abaixo, retirada de [Sozer et al. 1999].
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      Figura 1. Gráfico de relação entre sinal/ruído, frequência e distância.
     
     Além disso, apesar da velocidade do som ser mais rápido na água do que no ar (1500 m/s comparado a 360m/s), essa velocidade ainda fica cinco ordens de grandeza abaixo da velocidade de propagação de ondas eletromagnéticas no ar (300.000 km/s), o que introduz uma latência significativa nas transmissões. Essa latência aumenta a chance de colisões, principalmente devido ao problema do nó oculto. Como exemplo, uma comunicação acústica entre nós afastados em 150 metros sofre uma latência de 100 milissegundos.
     No entanto, mesmo considerando os problemas relacionados à latência do meio, ainda deve ser levado em conta a alta taxa de erros. Estes ocorrem pela própria dificuldade imposta pelo meio subaquático, além de um grande número de reverberações, ou seja, sinais que atingem a superfície ou o fundo do lago ou do mar e refletem, criando, no receptor, várias ondas consecutivas com a mesma informação. Esse tipo de problema acontece também nas redes sem fio que utilizam o ar como meio, mas no meio aquático há uma acentuação da frequência de ocorrência.
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                               Figura 2. Reverberações e reflexões em meios subaquáticos.     
     
     Da mesma forma que nas redes sensores que não utilizam o meio aquático, a bateria é uma grande restrição às redes acústicas subaquáticas. A diferença, entretanto, é a dificuldade da troca da bateria nos dispositivos. Enquanto que no meio terrestre essa troca pdoe ser feita facilmente, no meio subaquático ela envolve a retirada do dispositivo da água e os custos com o transporte, utilizando navios ou barcos, tornando-a extremamente dispendiosa. Para resolver esse problema, os protocolos devem considerar a baixa utilização de energia, reduzindo o número total de transmissões ou colocando os aparelhos para dormirem entre uma transmissão e outra.