A História do RFID



A tecnologia de identificação por radiofrequência ou RFID (Radio Frequency Identification) tem suas origens no século XIX quando houve grandes avanços científicos em eletromagnetismo, com as descobertas de Michael Faraday sobre a indutância elétrica, as equações que descrevem o eletromagnetismo de James Clerk Maxwell, e os experimentos de Heinrich Rudolf Hertz que confirmaram as afirmações de Faraday e Maxwell.

Antes dos sistemas de identificação por radiofrequência vieram os sistemas de detecção de objetos. Uma das primeiras patentes foi o rádio transmissor para sistema de detecção de objetos desenvolvido por John Logie Baird em 1926. Mais tarde, em 1935, o físico escocês Robert Alexander Watson-Watt patenteou o conhecido sistema de RADAR (Radio Detection and Ranging). Durante a Segunda Guerra Mundial, os países em conflito usavam o radar para alertar a aproximação de aviões. O problema é que não havia como distinguir se era um inimigo ou não. Então, os alemães descobriram que ao girar seus aviões, quando voltavam à base, o sinal de rádio refletido era alterado, diferenciando a identificação dos aviões alemães. Este foi, o primeiro sistema RFID passivo.

Watson-Watt liderou um projeto secreto britânico e ajudou a criar o primeiro sistema de identificação ativo, o Identify Friend or Foe (IFF), que foi implantado pela Força Aérea Real britânica durante a Segunda Guerra Mundial. Um transmissor era colocado em cada avião britânico. Quando recebia sinal das estações de radar, o transmissor retornava um sinal identificando aquela aeronave como amiga. O sistema IFF ajudava a evitar incidentes de "fogo amigo" e auxiliava na perseguição de aviões inimigos. O sistema RFID funciona com o mesmo conceito. Um sinal é enviado para um transponder, que é ativado e reflete o sinal de volta (sistema passivo) ou propaga um sinal (sistema ativo).

Nos anos 60, diversas companias começaram a usar comercialmente sistemas de Electronic Article Surveillance (EAS). Os sistemas de EAS consistem em um dispositivo magnético embutido nos produtos, chamado de etiqueta ou tag, que é desativado ou removido quando o item é comprado. A presença de tags ativas dispara alarme se passarem por sensores colocados nas portas dos estabelecimentos. Diferente do RFID, esse tipo de EAS não identifica automaticamente uma tag específica, apenas detecta sua presença. Por isso, para esta aplicação, a tag tem apenas 1-bit.

Em 1973, Charles Walton, um empreendedor da Califórnia, patenteou o transponder passivo usado para abrir portas sem uso de chave. O transponder fica embutido em um cartão, que passa por um leitor. Quando o leitor detecta um número de identificação válido, que está armazenado na tag RFID, a porta é desbloqueada.

Nos anos 70, o Departamento de Energia do governo dos Estados Unidos requisitou ao Laboratório Nacional de Los Alamos o desenvolvimento de um sistema para rastreamento de material nuclear. Um grupo de cientistas teve a ideia de colocar transponders nos caminhões e leitores nos portões das instalações.

Depois disso, nos anos 80, o mesmo grupo de cientistas que trabalharam no projeto, saíram e formaram uma empresa que desenvolveu o sistema de pagamento de pedágio automatizado.

A pedido do Departamento de Agricultura, o laboratório de Los Alamos também desenvolveu a tag de RFID passiva usada para rastrear vacas. Isto era usado para evitar que hormônios e medicamentos fossem dados à vacas doentes, além de controlar a dosagem dada a cada animal.

Mais tarde, as empresas desenvolveram um sistema de baixa frequência (LF), que funciona em 125 kHz, resultando em transponders menores, que eram encapsulados e injetados sob a pele das vacas. Esse sistema é usado em todo o mundo até hoje. Os transponders de baixa frequência também eram colocados em cartões e usados para o controle de acesso à edifícios.

Com o tempo, as empresas começaram a comercializar os transponders de baixa frequência e evoluíram do espectro de rádio para alta frequência (HF), cuja frequência é 13,56 MHz. Altas frequências ofereciam maior alcance e velocidade de transferência de dados.

No início de 1990, engenheiros da IBM desenvolveram e patentearam o RFID de ultra-alta frequência (UHF). Alguns testes foram feitos na Wal-Mart, mas a tecnologia não chegou a ser comercializada. Depois, em meados de 1990, por problemas financeiros, a IBM vendeu a patente para a Intermec, uma fornecedora de códigos de barra. O sistema de RFID da Intermec foi instalada em inúmeras aplicações, desde rastreamento de estoque até em agricultura.

O UHF RFID teve um salto significante em 1999, quando a Uniform Code Council, a EAN International, a Procter & Gamble e a Gillette investiram fundos e criaram o Auto-ID Center no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Dois professores do MIT, David Brock e Sanjay Sarma, fizeram pesquisas para o uso de RFID tags de baixo custo em todos os produtos para rastreá-los na cadeia logística. A ideia era colocar apenas um número serial na tag, pois um simples microchip contendo poucas informações seria mais barato de produzir do que um chip complexo com mais memória. Além disso, os dados associados ao número serial na tag seriam armazenados em um banco de dados na internet.

Entre 1999 e 2003, o Auto-ID Center ganhou o apoio de mais de 100 empresas consumidoras, do Departamento de Defesa dos EUA e de vários vendedores importantes de RFID. Foram abertos centros de pesquisa em diversos países, que desenvolveram dois protocolos de interface de ar (Class 1 e Class 0), que ditam como a tag e o leitor se comunicam, o Electronic Product Code (EPC), e a arquitetura de redes para busca de informações sobre a RFID tag na internet. A tecnologia foi licenciada pela Uniform Code Council em 2003, que criou o EPCglobal, um conjunto de normas e serviços, para comercializar a tecnologia EPC. O Auto-ID Center foi encerrado em outubro de 2003 e as pesquisas passadas para o Auto-ID Labs, uma rede de pesquisas envolvendo 7 universidades em todo o mundo.



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