1. Introdução

1.1 Para que anonimato?

 

A necessidade de ter ferramentas que proporcionam anonimato para o usuário vem crescendo com o passar dos últimos anos, especialmente com atos como o fechamento do site Megaupload e o aumento do monitoramento em cima de redes sociais e bancos de informações. Já houve projetos em instituições como o Massachusetts Institute of Technology onde, a partir da mineração de dados em redes sociais, um sistema treinado poderia deduzir informações adicionais sobre a pessoa em questão a partir do seu profile em uma rede social com até 78% de acerto.

Em alguns casos extremos, como o dos pesquisadores Alessandro Acquisti e Ralph Gross, um sistema pode chegar a obter o Social Security Number (número utilizado para autenticações bancárias, entre outras) de até 8.5% da população americana apenas através de dados publicados por elas em redes sociais e microblogs.

Outro caso ressaltante é o do Wikileaks, site que publicava livremente diversos documentos que apontariam casos de corrupção e de imoralidade por parte de políticos e outros corpos governamentais do mundo. O seu criador, Julian Assange, foi acusado de abuso sexual pouco tempo depois do site Wikileaks tornar-se conhecido internacionalmente, e até hoje as acusações são criticadas pelos apoiadores da liberdade de expressão. O Wikileaks é um tema banido em diversas redes sociais, inclusive sofrendo censura pelo Facebook.

A partir de todos esses ocorridos, podemos concluir que existe uma necessidade de que haja ferramentas que proporcionem não somente segurança aos seus usuários, mas também liberdade de expressão e, finalmente, eficiência. O caminho seguido por diversos orgãos públicos de países europeus e asiáticos, como a China, está entrando cada vez mais em conflito com a existência da liberdade de expressão na internet.

1.2 A Freenet

 

A Freenet é um projeto do irlandês Ian Clarke e foi criada exatamente para oferecer um ambiente seguro, privado e eficiente para os seus usuários. O projeto foi iniciado em Março de 2000, em uma versão que continha pouco em comum com a Freenet atual, porém que já visava solucionar problemas centrais para a criação de uma rede anônima eficiente.

O projeto foi criado na plataforma Java e queria oferecer não somente um lugar para os usuários poderem se comunicar de forma aberta, mas também compartilhar arquivos e utilizar ferramentas privadas de microblogging. Para isso, Ian Clarke tomou uso de técnicas fundamentais de computação, como o uso de sistemas de dados distribuídos e de diversos modos de criptografia.

Um dos fatos que comprovam a significância do sistema Freenet para a concepção do anonimato na internet é do artigo de Clarke que inicialmente concebeu a idéia da Freenet. "Freenet: A Distributed Anonymous Information Storage and Retrieval System" foi o artigo mais citado na área de ciência da computação do ano de 2000. Além disso, o sistema já foi centro de diversos artigos no New York Times, BCC e CNN.

 

próximo