
UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
ELETRÔNICA
DISCIPLINA: Sistemas Digitais
PROFESSOR: Otto Carlos Muniz Bandeira Duarte
AUTORES: Carlos Fernando Teodósio Soares
Guilherme
Pastor Garnier
O IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor)
Desde a invenção do primeiro tiristor de
junção PNPN, pelos laboratórios Bell em 1957, houve um grande avanço nos
dispositivos semicondutores de potência.
Para serem aplicados em sistemas de
elevada potência e substituírem as rudimentares válvulas ignitron, phanotron
e thyratron, os dispositivos semicondutores devem ser capazes de
suportar grandes correntes e elevadas tensões reversas em seu chaveamento. Além
disso, em várias aplicações de eletrônica de potência, há necessidade de uma
operação em elevadas freqüências de chaveamento dos dispositivos
semicondutores, como, por exemplo, os inversores de tensão, necessários para a
construção de filtros ativos de potência. Dessa forma, os dispositivos
semicondutores devem possuir baixas perdas de potência durante o chaveamento.
Até 1970, os tiristores convencionais
foram exclusivamente usados para o controle de potência em aplicações
industriais. Desde 1970, vários tipos de dispositivos semicondutores de
potência foram desenvolvidos e se tornaram disponíveis comercialmente. Estes
dispositivos podem ser amplamente divididos em cinco tipos: os diodos de
potência, os tiristores, os transistores bipolares de junção de potência, os
MOSFET’s de potência, os SIT’s (Static Induction Transistor) e os IGBT’s
(Insulated Gate Bipolar Transistor), assunto desta dissertação.
Reunindo as características de comutação
dos transistores bipolares de potência à elevada impedância de entrada dos
MOSFET’s, o IGBT se torna cada vez mais popular nos circuitos de controle de
potência de uso industrial e até mesmo em eletrônica de consumo e embarcada.
Os transistores bipolares de potência
possuem características que permitem sua utilização no controle de elevadas
correntes com muitas vantagens, como baixas perdas no estado de condução. No
entanto, as suas características de entrada, exigindo correntes elevadas de base,
já que operam como amplificadores de corrente, trazem certas desvantagens em
algumas aplicações.
Por outro lado, os transistores de
efeito de campo MOS de potência podem também controlar potências elevadas com
muitas vantagens pelo fato de exigirem tensão para o disparo, pois, embora
sejam dispositivos de alta impedância têm como desvantagem uma baixa velocidade
de comutação devida às capacitâncias de porta (Gate) que aumentam com a
intensidade de corrente (Largura do canal) que deve ser controlada. No entanto,
para baixas correntes de condução através do canal, o MOSFET pode operar com
elevadas freqüências.
O IGBT reúne a facilidade de acionamento
dos MOSFET’s e sua elevada impedância de entrada com as pequenas perdas em
condução dos TBP (Transistores Bipolares de Potência). Sua velocidade de
chaveamento é determinada, a princípio, pelas características mais lentas – as
quais são devidas às características do TBP. Assim, a velocidade dos IGBT’s é
semelhante à dos TBP; no entanto, nos últimos anos tem crescido gradativamente,
permitindo a sua operação em freqüências de dezenas de kHz, nos componentes
para correntes na faixa de dezenas e até centenas de Ampères.
Juntando
o que há de bom nesses dois tipos de transistores, o IGBT é um componente que
se torna cada vez mais recomendado para comutação de carga de alta corrente em
regime de alta velocidade.
Abaixo,
apresentamos um gráfico contendo uma comparação entre os principais
dispositivos semicondutores de potência quanto às suas características de
tensão, corrente e freqüência de operação. Nesta figura, vemos que os
tiristores são os dispositivos que conseguem suportar os maiores valores de
corrente e tensão, mas não podem operar em freqüências de chaveamento elevadas.
Como podemos ver a partir desta figura, os IGBT’s possuem uma capacidade de
suportar maiores tensões e podem operar em mais altas freqüências que os
transistores bipolares de potência e podem suportar maiores tensões e correntes
que os MOSFET’s de potência. Como podemos notar a partir deste gráfico, a
região de operação segura do IGBT é maior que as regiões reservadas ao MOSFET e
ao transistor TBP, o que era desejado.

Apresentamos aqui nesta
dissertação como operam fisicamente os IGBT’s e apresentaremos o modelo para
descrição do seu funcionamento. Serão também mostradas as páginas do manual de
um fabricante de IGBT para ilustrar as características de operação deste
dispositivo. Por fim, será apresentada uma aplicação dos IGBT’s em eletrônica
de potência para mostrar a utilidade do dispositivo.
Na figura a seguir, apresentamos a
estrutura de um típico IGBT de canal tipo N. Todas as discussões apresentadas
aqui estão relacionadas com o dispositivo de canal tipo N, pois o canal tipo P
é análogo e possui uma operação física dual àquela apresentada para o de canal
tipo N.
Sua estrutura muito semelhante àquela
apresentada por um transistor MOSFET. Onde, no caso o IGBT, teremos uma dupla
difusão de uma região do tipo P e uma do tipo N.
Abaixo da região da porta (Gate), uma
camada de inversão pode ser formada a partir da aplicação de uma certa tensão
entre a porta e o emissor (emitter), tal como é feito em um MOSFET para
fazê-lo entrar em condução.
A principal diferença entre essa
estrutura do IGBT e a de um MOSFET é a inclusão de um substrato P+ (O símbolo
“+” foi colocado para indicar que esta
região é fortemente dopada, enquanto que o símbolo “-” indica que a
região é fracamente dopada) onde é conectado o terminal de coletor (collector).
Esta mudança tem como efeito a inclusão de características bipolares ao
dispositivo. Esta camada P+ tem como objetivo a inclusão de portadores
positivos – lacunas – na região de arrastamento (Drift region) como é feito
em um transistor bipolar do tipo pnp.
Na estrutura do IGBT, é importante notar
que o terminal de porta está conectado à duas regiões – isoladas do material
semicondutor através de uma camada isolante de óxido de silício (SiO2)
– ao invés de ser apenas uma região como costumamos ver em MOSFET’s. Assim,
como veremos, o IGBT apresenta formação de dois canais ao invés de apenas um.

O IGBT é
freqüentemente utilizado como uma chave, alternando os estados de condução (On-state)
e corte (Off-state) os quais são controlados pela tensão de porta, assim
como em um MOSFET.
Se
aplicarmos uma pequena tensão de porta positiva em relação ao emissor, a junção
J1 da figura anterior ficará reversamente polarizada e nenhuma
corrente irá circular através dessa junção. No entanto, a aplicação de uma
tensão positiva no terminal de porta fará com que se forme um campo elétrico na
região de óxido de silício responsável pela repulsão das lacunas pertencentes
ao substrato tipo P e a atração de elétrons livres desse mesmo substrato para a
região imediatamente abaixo da porta.
Enquanto
não houver condução de corrente na região abaixo dos terminais de porta, não
haverá condução de corrente entre o emissor e o coletor porque a junção J2
estará reversamente polarizada, bloqueando a corrente. A única corrente que
poderá fluir entre o coletor e o emissor será a corrente de escape (leakage).
Uma
característica desta região de operação é a tensão direta de breakdown,
determinada pela tensão breakdown da junção J2. Este é um
fator extremamente importante, em particular para dispositivos de potência onde
grandes tensões e correntes estão envolvidas. A tensão de breakdown da
junção J2 é dependente da porção mais fracamente dopada da junção,
isto é, a camada N- . Isto s deve ao fato de que a camada mais fracamente
dopada resulta em uma região de depleção desta junção mais larga. Uma região de
depleção mais larga implica em um valor máximo de campo elétrico na região de
depleção que o dispositivo poderá suportar sem entrar em breakdown mais
baixo, o que implica no fato de que o dispositivo poderá suportar altas tensões
na região de corte. Esta é a razão pela qual a região N- da região de
arrastamento é mais levemente dopada que a região tipo P da região de corpo (Body).
Os dispositivos práticos geralmente são projetados para possuírem uma tensão de
breakdown entre 600 V e 1200 V.
Ao aplicarmos uma
tensão entre porta e emissor do dispositivo, fazendo a porta possuir uma tensão
positiva com relação ao emissor, uma corrente de pequena intensidade e de curta
duração circula pela porta de forma a carregar a capacitância parasita que
existe entre a porta e a porção semicondutora logo abaixo do terminal de porta.
Como já foi dito, a tensão faz com que um campo elétrico apareça entre o
terminal de porta e a porção de semicondutor p logo abaixo da porta.
Este campo elétrico atrai alguns elétrons livres da própria região tipo p
e alguns elétrons livres das porções n+ localizadas dentro desse
substrato p, em virtude do fato de essa região estar fortemente dopada.
Ao aumentarmos a tensão entre a porta e o emissor, conseqüentemente,
aumentaremos esse campo elétrico e mais portadores negativos serão atraídos
para a região imediatamente abaixo do terminal de porta.
Quando a tensão entre a porta e o emissor atinge um
determinado valor limite – que depende do dispositivo – conhecida como tensão
de limiar (threshold voltage), simbolizada por Vth,
a quantidade de elétrons livres atraídos pelo campo elétrico é tamanha que a
região imediatamente abaixo da porta acaba por se transformar do tipo p
para o tipo n, fenômeno conhecido como inversão – sendo a camada que
sofreu o processo recebe o nome de camada de inversão, mais comumente conhecida
como canal.
Com a formação deste canal, temos uma ligação do tipo n
entre a pequena região n+ e a região de arrastamento, tal canal permite
a condução de corrente através de uma pequena região na junção J1 que estava
reversamente polarizada antes de a tensão entre porta e emissor atingir o valor
limiar. Dessa forma, elétrons serão transportados através deste canal até a
região de arrastamento onde irão fazer parte da corrente que circula pela
junção J3 que está diretamente polarizada, fazendo com que o “diodo” formado
pela junção J3 entre em condução. Com este efeito, temos que a camada p+
conectada ao coletor injeta lacunas positivamente carregadas na região de
arrastamento n-.
Essa injeção de lacunas da região de arrastamento causa a
modulação da condutividade da região de arrastamento onde as densidades de
ambos os portadores, elétrons livres e lacunas, atingem valores muito mais
elevados que àquela que a região n- geralmente apresenta. É esta
modulação de condutividade que dá ao IGBT sua baixa tensão de condução entre os
terminais de coletor e emissor do IGBT por causa da reduzida resistência da
região de arrastamento – isto se deve ao fato de que a condutividade de um
material semicondutor é proporcional à densidade de portadores deste material.
Assim, o IGBT poderá drenar correntes elevadas com poucas perdas de potência,
assim como o que ocorre em um transistor bipolar.
Algumas das lacunas injetadas na região n- são
recombinadas nesta mesma região com os elétrons livres desta camada. No
entanto, a maior parte das lacunas que alcançam a região não se recombinam e
alcançam a junção J2 que está reversamente polarizada. Assim, as lacunas
encontram um campo elétrico favorável ao seu movimento, justamente por causa da
polarização reversa da junção. Com este campo elétrico da junção J2, as lacunas
serão arrastadas por meio da corrente de difusão pela região de arrastamento
atravessando a junção J2 até serem coletadas pela região do tipo p onde
está conectado o terminal de coletor.
A operação física do IGBT descrita aqui é ilustrada na
figura apresentada abaixo:

Analisando
a figura acima e verificando como é a operação física do IGBT, podemos
facilmente deduzir um modelo para descrever o funcionamento do dispositivo usando
apenas componentes eletrônicos conectados de forma a funcionar de modo
equivalente ao IGBT. Olhando a figura acima, vemos que temos ao longo do
dispositivo três fatias de semicondutores formando uma junção PNP que é a mesma que forma um transistor bipolar de potência cuja base é conectada à região central e os
terminais de coletor e emissor são conectados do mesmo modo que no TBP. Na
parte de cima da figura, temos uma estrutura que opera exatamente como um MOSFET
de potência cuja corrente de dreno é injetada na região de arrastamento que
corresponde à base do transistor PNP de potência que temos ao longo
do IGBT. Essa corrente de dreno do MOSFET atua como o disparo do transistor.
Assim, podemos modelar o IGBT pelo circuito equivalente da figura abaixo.

A figura 3 (b) mostra um modelo mais completo para o
circuito equivalente do IGBT que inclui o transistor parasita pela região tipo n+ da fonte do
MOSFET, a região de corpo do MOSFET do tipo p e a região de arrastamento
tipo n-. Neste modelo também é apresentada a resistência lateral da
região tipo p da região de corpo. Se a corrente fluindo através dessa
resistência for elevada o suficiente, teremos uma queda de tensão que irá
polarizar diretamente a junção entre esta camada semicondutora e a região n+
ativando o transistor parasita que forma um tiristor parasita juntamente com o
transistor PNP principal da estrutura do IGBT. Uma vez que o tiristor
tenha sido disparado, há uma elevada injeção de elétrons livres oriundos da
região tipo n+ na região tipo p do substrato do MOSFET, fazendo
com que a tensão de gate não influa mais na operação do dispositivo – assim
como o que ocorre com os tiristores – fazendo com que o controle da operação do
IGBT seja perdido. Este fenômeno – denominado latch-up –, quando ocorre,
geralmente conduz à destruição do dispositivo. Geralmente, os fabricantes de
IGBT constroem o molde da superfície do emissor em forma de uma tira estreita,
enquanto que a geometria utilizada em MOSFET’s é baseada em células
concentradas, tal fato permite que se evite o disparo do tiristor parasita
existente na estrutura do IGBT.
Na figura apresentada a seguir, temos o símbolo utilizado
em circuitos para designar o IGBT. Neste símbolo vemos detalhes que lembram
tanto o símbolo usado para transistores bipolares como o símbolo usado para
MOSFET’s. Também apresentamos um desenho do aspecto do IGBT produzido como
componente discreto pela International Rectifier.

Os IGBT’s são componentes usados principalmente como
comutadores em conversores de freqüência, inversores etc. Nestas aplicações,
normalmente uma carga indutiva é ligada e desligada, podendo com isso aparecer
tensões inversas elevados, contra as quais o dispositivo deve ser protegido.
Essa proteção é feita com o uso de diodos ligados em paralelo com o coletor e o
emissor para evitar que uma elevada tensão reversa seja aplicada ao IGBT.
Quando o IGBT liga novamente, o fluxo de corrente no diodo funciona
inicialmente como se fosse praticamente um curto. A carga armazenada tem que
ser removida inicialmente para que o diodo bloqueie a tensão. Isso faz com que
apareça uma corrente que se soma à corrente de carga a qual é chamada de corrente
reversa de recuperação do diodo IRR. O máximo de corrente IRR ocorre
quando a soma das tensões instantâneas sobre o IGBT e o diodo se iguala à
tensão de alimentação. Quando o IGBT desliga, o resultado é uma variação de
corrente, e isso faz com que o pico de sobretensão apareça devido à variação de
corrente nas indutâncias parasitas. Este pico de tensão é responsável por
perdas e exige um aumento no tempo morto entre
a condução de dois dispositivos semelhantes quando usados numa configuração de
meia-ponte, como o que será mostrado no exemplo de aplicação desse dispositivo.
Um ponto importante que deve ser levado em consideração em
todo dispositivo de comutação é o Efeito Miller.
O Efeito Miller nada mais é do que a realimentação da
tensão coletor-emissor (VCE) através da capacitância existente entre
a porta e o coletor do dispositivo (CGC).
Isso que dizer que uma variação da tensão entre o coletor e
emissor (VCE) tem o mesmo efeito que uma fonte de corrente interna
no circuito de polarização , onde a intensidade desta corrente é dada pela
expressão:
![]()
Infelizmente, Cgc não è constante, mudando de valor com a
tensão entre coletor e emissor. As maiores variações de CCG ocorrem
justamente com pequenas tensões entre emissor e coletor. Em conseqüência
disso temos explicações para alguns comportamentos do IGBT:
Quando o IGBT liga (turn-on) - partindo de Vce alto
e VGE igual a zero ou negativo –
com uma corrente constante carregando a porta, um aumento linear da tensão
de porta é obtido.
Com a queda da tensão entre coletor e emissor VCE
a corrente de polarização de porta é usada para carregar CGC, e a
tensão de porta permanece constante.
Mais tarde, quando a tensão entre o coletor e o emissor
cai, CGC aumenta de valor de tal forma que, uma pequena variação de
VCE é suficiente para levar a um aumento da corrente de porta.
Somente quando a corrente necessária à carga se reduz novamente é que a tensão
de porta aumenta.
Quando o IGBT desliga - partindo de Vce baixa , VGE
positiva ou maior que a tensão limiar –
Vth – a tensão de porta inicialmente decresce quase que
linearmente (pela fonte de corrente constante de descarga). A diminuição da
capacitância com o aumento da carga aumenta a tensão. Como existe uma fonte de
polarização que está drenando corrente da porta, a tensão porta-emissor se
mantém constante.
Em conseqüência, VCE aumenta e a maior parte da
corrente de descarga da porta é usada para manter a tensão de porta constante.
O processo de carga termina quando VCE alcança a tensão de operação.
É devido ao Efeito Miller que a corrente de porta durante a
comutação (ligado ou desligado) é usada antes de tudo para mudar a carga
CGC. Isto explica porque, carregando ou descarregando , a porta tem
sua velocidade de resposta reduzida. Deve ser mencionado que as mudanças de CGC
e VCC regulam por si próprias de tal forma que apenas a corrente
disponível na porta é usada. Isso
esclarece porque um resistor de grande
valor ligado em série com a porta faz que todos os eventos que envolvam a
comutação de uma IGBT tenham seu tempo de duração aumentado.
As características de tensão e corrente de um IGBT se
assemelham muito com as características de um transistor MOSFET e de u
transistor bipolar de potência. Para uma visualização das características de um
IGBT real, apresentamos aqui o manual dos IGBT’s fabricados pela Mitsubishi, no formato .PDF.
III .
Aplicações de IGBT – Um Inversor de Tensão.
Uma das aplicações de IGBT que mais são utilizadas em
eletrônica de potência é a construção de inversores de tensão, os quais
produzem tensão alternada através de tensão contínua. Tal processo é muito
utilizado na construção de filtros ativos de potência e em sistemas de
transmissão HVDC (High Voltage Direct Current) de energia
elétrica. A Usina de Itaipu pertencente ao Brasil e ao Paraguai (que durante
muitos anos foi a maior usina hidrelétrica do mundo) produz energia com o
sistema de corrente alternada, sendo que metade da produção (pertencente ao
Brasil) é gerada em 60Hz e a outra metade (pertencente ao Paraguai) é gerada em
50Hz. No entanto, boa parte da energia produzida pela parte paraguaia é vendida
ao Brasil que consome tensão alternada em 60Hz. O problema foi resolvido
instalando-se um retificador de potência que transforma a tensão a ser
transmitida em tensão contínua e a energia é transmitida em DC até os centros
consumidores (o principal é a cidade de São Paulo) onde é novamente alternada,
agora em 60Hz para ser enviada aos transformadores que irão abaixar a tensão
para a distribuição entre os consumidores de energia. Este inversor de tensão
pode geralmente ser construído com o uso de GTO’s (Gate Turn-Off Thyristor) ou IGBT’s. No caso de inversores de tensão que serão
aplicados na construção de filtros ativos de potência dá-se preferência ao
emprego de IGBT’s devido à sua possibilidade de operar em elevadas freqüências.
O bloco básico de construção de um inversor de tensão
usando IGBT’s é apresentado no esquema abaixo:

As tensões de porta de cada um dos IGBT’s são controladas a
partir de uma Máquina de Estados Finitos, onde cada estado corresponde ao
chaveamento de apenas três IGBT’s (cada um em uma associação em série diferente
com um na parte de cima e outro na parte de baixo), a ordem de chaveamento é
mostrada nos gráficos apresentados abaixo, onde temos as tensões em cada uma
das chaves com o tempo e a tensão total entre a fase C e o neutro da associação
em Y na saída do transformador apresentado na figura acima.

Assim,
vemos que a forma de onda da tensão na fase C com respeito ao neutro é formada
por seis segmentos idealmente retos, como mostrado na figura. Por isso, este
bloco funcional é denominado de um inversor de 6 segmentos. As formas de onda
nas demais fases apresentam a mesma forma de onda que a da fase C, com apenas
uma diferença de fase de 120° de uma em relação à outra.
Esta forma de onda na saída é semelhante a uma forma de
onda senoidal, embora ainda possua muita distorção harmônica (possui
componentes harmônicos de freqüências mais altas). Para melhorar o desempenho
do inversor, geralmente o que se usa é a associação de mais blocos de
inversores de 6 segmentos como o mostrado acima em série, da seguinte forma
apresentada na figura abaixo:

Cada
um dos inversores mostrados na figura acima é idêntico ao inversor de 6
segmentos do esquema anterior e geram as mesmas formas de onda. No entanto, o
primeiro transformador é do tipo Y-Y, fazendo com que a forma de onda na saída
não apresente nenhuma defasagem com relação ao sinal original; já no caso do
segundo transformador do tipo D-Y, temos que a saída será
defasada em 30° com relação à forma de onda original. Assim, a saída deste
inversor será formada pela forma de onda de 6 segmentos normal somada a esta
mesma forma de onda deslocada de 30°, o que irá gerar uma forma de onda na
saída de 12 segmentos como mostrado abaixo:

Como
podemos ver, essa forma de onda se aproxima mais de uma senóide do que a forma
de onda anterior. Para suavizar esta forma de onda de forma que se aproxime
mais de uma senóide, bastando para isso utilizar um filtro passa-baixas para
eliminar as componentes de altas freqüências que são responsáveis pelas
transições abruptas dessa forma de onda e causam um elevado fator de distorção
harmônica.
Este exemplo foi apresentado aqui para ilustrar uma forma
de aplicação do IGBT na prática, como uma chave em aplicações de elevadas
potências.
IV .
Referências:
·
RASHID, Muhammad Harunur. Power Electronics –
Circuits, devices and applications. 2ª
ed. Prentice Hall, New Jersey: 1993.
·
PENELLO, Luiz Fernando. Filtro Ativo de Potência “Shunt”. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio de
Janeiro – COPPE: 1992.
·
http://www.elec.gla.ac.uk/groups/dev_mod/papers/igbt/igbt.html
·
http://www.mathworks.com/access/helpdesk/help/toolbox/powersys/igbt.shtml
·
http://www.coltec.ufmg.br/alunos/270/semicondutores/igbt.html
·
http://www.mitsubishichips.com/datasheets/power/powermos_index.html
·
http://sites.uol.com.br/rick.machado/engenhar.html
·
http://orbita.starmedia.com/~tecnofac/eletronica/igbt.htm