Modems a cabo

  1. Introdução
  2. Evolução dos serviços de TV a cabo
  3. Modems
  4. Modems a cabo
  5. Referências

Introdução

    Este trabalho será apresentado à disciplina Redes de Computadores I (EEL-878) para composição da nota final. Se divide em duas partes: a primeira é composta desse arquivo em HTML - para que possa ser publicado na Internet - e a segunda, trata-se de uma apresentação oral em sala de aula no dia 10 de julho de 2003.

    O aparecimento da chamada internet de banda larga para usuários domésticos tem chamado a atenção de muitas pessoas. Não só Email rápido, não só o ganho de tempo na longa espera para que uma página possa ser carregada, como também a possibilidade da utilização de outras mídias como áudio de melhor qualidade e até vídeo fazem com que a procura por serviços de acesso outros que não o acesso discado cresçam de maneira estrondosa.

    Esse crescimento que desde muito se observa em  países desenvolvidos deveu-se primordialmente ao uso de uma infraestrutura já montada, qual seja a de TV a cabo, para acesso a internet. Em 1996, 92% das casas dos EUA já tinham disponível o serviço de TV a cabo; 63% delas já estavam conectadas; dos 60 milhões de casas que assinavam o serviço de TV, metade possuía computador; e o que a nova tecnologia oferecia era no mínimo indecente se comparado ao acesso discado de 28.8Kbps da época - era indecente também se comparado ao serviço ISDN (128Kbps): os modens a cabo poderiam chegar a 36Mbps de downstream (nas freqüências de 88-800MHz) e a 10Mbps de upstream (nas freqüências de 5-42MHz) e taxas mais altas poderiam ser alcançadas pelo fato de o limite teórico da banda do cabo ser de 1GHz - é lógico que outros limites devem ser observados como os 10Mbps do Ethernet (que conecta o modem ao computador) e os limites oriundos dos congestionamentos que podem ocorrer pelo compartilhamento do meio. Com esses dados podemos vislumbrar o mercado que se abriu quando as operadoras de TV começaram a disponibilizar o acesso à Internet pelos cabos já instalados.

    O objetivo principal desse trabalho não é analisar o crescimento da internet através do uso dos modems a cabo, mas de dar uma introdução um tanto técnica sobre o funcionamento desses dispositivos, além de fazer observações que consigam explicar o porquê de seu sucesso. Para conseguirmos expor essas idéias, julgamos necessária uma pequena introdução sobre o histórico dos sistemas de TV a cabo, além de uma pequena explanação sobre o que são modems de maneira bem geral para que depois possamos falar especificamente dos modems a cabo.

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Evolução dos serviços de TV a cabo

   Os primeiros sistemas de televisão a cabo eram, na verdade, antenas estrategicamente distribuídas com longos cabos conectados aos aparelhos de TV. Sua função primordial era na verdade poder disponibilizar o serviço de TV para pessoas que estavam "eletrogneticamente" isoladas (as freqüências usadas para os sinais de TV exigem, para que o sinal seja recebido, que haja visada direta entre transmissor e receptor. Deste modo, casas em montanhas, mesmo que não tão distantes geograficamente, estão impossibilitadas de receber esses sinais). Pelo fato de o sinal se tornar fraco à medida que viaja pelo cabo,  amplificadores eram introduzidos em espaços regulares para que seu nível  dos aparelhos das casas fosse suficiente para a recepção das imagens. Na época uma grande limitação dos projetistas estava justamente no projeto desses amplificadores. Antes do final da década de 70, em um sistema a cabo, o sinal tinha de passar por cerca de 30 ou 40 amplificadores, antes que chegasse às casas, a cada 300 metros! Ainda temos de considerar que cada um desses amplificadores adicionava ruído e pior, se um deles falhasse, a imagem não era  mais passível de recepção.

  Já nos anos 70, o objetivo dos sistemas de TV a cabo passaram de um singelo provimento do serviço de TV para os "isolados" para um modelo que acrescentaria novos canais, com programações das mais variadas. O aparecimento de estações de CATV (community antenna television) e a grande difusão que os sistemas a cabo estavam apresentando, fez com que os fabricantes de aparelhos TV adicionassem uma chave em seus televisores para que pudesse ser escolhido o modo que o sintonizador deveria trabalhar: ele sintonizaria os canais que eram recebidos via antena, cujas freqüências eram ditadas pela FCC (Federal Communications Commision), ou os CATV.

    O plano de alocação de freqüências estabelecido pela FCC dita para os sistemas de TV (transmissão via rádio) o uso do espectro de VHF: 12 canais de televisão cada um com 6MHz de banda distribuídos em dois grupos - existe um intervalo entre as freqüências de 88MHz e 174MHz que já havia sido designado para a transmissão de rádio FM. Além desses canais a FCC estabeleceu uma nova gama de freqüências em UHF para que novos canais pudessem ser alocados (trata-se dos canais 13 a 69, usando o bloco de freqüências entre 470MHz e 812MHz).

    Como o sinal da TV a cabo não viaja pelo ar, os engenheiros puderam alocar canais de televisão nas freqüências que antes eram destinadas ao serviço de rádio. Assim, eles utilizaram as freqüências entre 88MHz a 174MHz para a alocação de 13 canais. Também nos sistemas de TV a cabo, para cada canal é designada uma banda de 6MHz.

    As considerações que fazia anteriormente se baseiam no desenvolvimento do sistema de TV a cabo experimentado nos EUA. Uma checagem mais apropriada do sistema brasileiro, nos revela algumas diferenças, por exemplo no que diz respeito à alocação de freqüências. A Lei no. 8.977, de 06 de janeiro de 1995 instituiu o serviço de TV a cabo no Brasil, sendo regulamentada pelo Decreto no. 2.206, de 14 de abril de 1997. A NORMA no. 13/96 - REV/97 veio detalhar essa regulamentação e dela eu gostaria de destacar algumas curiosidades:

"7.1  Os sinais dos canais correspondentes às geradoras locais de televisão deverão ser oferecidos aos assinantes desde o início da operação do Serviço.

7.1.1  Para fins de cumprimento do disposto no art. 23, inciso I, alínea "a" da Lei no 8.977/95, as operadoras de TV a Cabo estão obrigadas a transmitir em seus sistemas os sinais das emissoras geradoras de televisão, em VHF e UHF, cujos sistemas irradiantes estejam localizados em localidade integrante da área de prestação do Serviço, que atinjam esta área com os níveis mínimos de intensidade de campo a seguir indicados:

a) canais 2 a 6 - 58 dBm;

b) canais 7 a 13 - 64 dBm;

c) canais de UHF - 70 dBm."

    A tabela que segue foi extraída da norma sobre a qual tecemos comentários em parágrafos anteriores.

DESIGNAÇÃO

DO CANAL

FREQÜÊNCIA DA PORTADORA DE VÍDEO (MHz)

PFP

PHR PIR

1

não designado

72.0036

73.2625

2

55.2500

54.0027

55.2625

3

61.2500

60.0030

61.2625

4

67.2500

66.0033

67.2625

5

77.2500

78.0039

79.2625

6

83.2500

84.0042

85.2625

7

175.2500

174.0087

175.2625

8

181.2500

180.0090

181.2625

9

187.2500

186.0093

187.2625

10

193.2500

192.0096

193.2625

11

199.2500

198.0099

199.2625

12

205.2500

204.0102

205.2625

13

211.2500

210.0105

211.2625

14

121.2625

120.0060

121.2625

15

127.2625

126.0063

127.2625

16

133.2625

132.0066

133.2625

17

139.2500

138.0069

139.2625

18

145.2500

144.0072

145.2625

19

151.2500

150.0075

151.2625

20

157.2500

156.0078

157.2625

21

163.2500

162.0081

163.2625

22

169.2500

168.0084

169.2625

23

217.2500

216.0108

217.2625

24

223.2500

222.0111

223.2625

25

229.2625

228.0114

229.2625

26

235.2625

234.0117

235.2625

27

241.2625

240.0120

241.2625

28

247.2625

246.0123

247.2625

29

253.2625

252.0126

253.2625

30

259.2625

258.0129

259.2625

31

265.2625

264.0132

265.2625

32

271.2625

270.0135

271.2625

33

277.2625

276.0138

277.2625

34

283.2625

282.0141

283.2625

35

289.2625

288.0144

289.2625

36

295.2625

294.0147

295.2625

37

301.2625

300.0150

301.2625

38

307.2625

306.0153

307.2625

39

313.2625

312.0156

313.2625

40

319.2625

318.0159

319.2625

41

325.2625

324.0162

325.2625

42

331.2750

330.0165

331.2750

43

337.2625

336.0168

337.2625

44

343.2625

342.0171

343.2625

45

349.2625

348.0174

349.2625

46

355.2625

354.0177

355.2625

47

361.2625

360.0180

361.2625

48

367.2625

366.0183

367.2625

49

373.2625

372.0186

373.2625

50

379.2625

378.0189

379.2625

51

385.2625

384.0192

385.2625

52

391.2625

390.0195

391.2625

53

397.2625

396.0198

397.2625

54

403.2500

402.0201

403.2625

55

409.2500

408.0204

409.2625

56

415.2500

414.0207

415.2625

57

421.2500

420.0210

421.2625

58

427.2500

426.0213

427.2625

59

433.2500

432.0216

433.2625

60

439.2500

438.0219

439.2625

61

445.2500

444.0222

445.2625

62

451.2500

450.0225

451.2625

63

457.2500

456.0228

457.2625

64

463.2500

462.0231

463.2625

65

469.2500

468.0234

469.2625

66

475.2500

474.0237

475.2625

67

481.2500

480.0240

481.2625

68

487.2500

486.0243

487.2625

69

493.2500

492.0246

493.2625

70

499.2500

498.0249

499.2625

71

505.2500

504.0252

505.2625

72

511.2500

510.0255

511.2625

73

517.2500

516.0258

517.2625

74

523.2500

522.0261

523.2625

75

529.2500

528.0264

529.2625

76

535.2500

534.0267

535.2625

77

541.2500

540.0270

541.2625

78

547.2500

546.0723

547.2625

79

553.2500

552.0276

553.2625

80

559.2500

558.0279

559.2625

81

565.2500

564.0282

565.2625

82

571.2500

570.0285

571.2625

83

577.2500

576.0288

577.2625

84

583.2500

582.0291

583.2625

85

589.2500

588.0294

589.2625

86

595.2500

594.0297

595.2625

87

601.2500

600.0300

601.2625

88

607.2500

606.0303

607.2625

89

613.2500

612.0306

613.2625

90

619.2500

618.0309

619.2625

91

625.2500

624.0312

625.2625

92

631.2500

630.0315

631.2625

93

637.2500

636.0318

637.2625

94

643.2500

642.0321

643.2625

95

91.2500

90.0045

91.2625

96

97.2500

96.0048

97.2625

97

103.2500

102.0051

103.262

98

109.2750

108.0250

109.275

99

115.2750

114.0250

115.275

100

649.2500

648.0324

649.262

101

655.2500

654.0327

655.2625

102

661.2500

654.0327

661.2625

103

667.2500

660.0330

667.2625

104

673.2500

666.0333

673.2625

105

679.2500

672.0336

679.2625

106

685.2500

684.0339

685.2625

107

691.2500

690.0345

691.2625

108

697.2500

696.0348

697.2625

109

703.2500

702.0351

703.2625

110

709.2500

708.0354

709.2625

111

715.2500

714.0357

715.2625

112

721.2500

720.0360

721.2625

113

727.2500

726.0363

727.2625

114

733.2500

732.0366

733.2625

115

739.2500

738.0369

739.2625

116

745.2500

744.0372

745.2625

117

751.2500

750.0375

751.2625

118

757.2500

756.0378

757.2625

119

763.2500

762.0381

763.2625

120

769.2500

708.0384

769.2625

121

775.2500

774.0387

775.2625

122

781.2500

780.0390

781.2625

123

787.2500

786.0393

787.2625

124

793.2500

792.0396

793.2625

125

799.2500

798.0399

799.2625

126

805.2500

804.0402

805.2625

127

811.2500

810.0405

811.2625

128

817.2500

816.0408

817.2625

129

823.2500

822.0411

823.2625

130

829.2500

828.0414

829.2625

131

835.2500

834.0417

835.2625

132

841.2500

840.0420

841.2625

133

847.2500

846.0423

847.2625

134

853.2500

852.0426

853.2625

135

859.2500

858.0429

859.2625

136

865.2500

864.0432

865.2625

137

871.2500

870.0435

871.2625

138

877.2500

876.0438

877.2625

139

883.2500

882.0441

883.2625

140

889.2500

888.0444

889.2625

141

895.2500

894.0447

895.2625

142

901.2500

900.0450

901.2625

143

907.2500

906.0453

907.2625

144

913.2500

912.0456

913.2625

145

919.2500

918.0459

919.2625

146

925.2500

924.0462

925.2625

147

931.2500

930.0465

931.2625

148

937.2500

936.0468

937.2625

149

943.2500

942.0471

943.2625

150

949.2500

948.0474

949.2625

151

955.2500

954.0477

955.2625

152

961.2500

960.0480

961.2625

153

967.2500

966.0483

967.2625

154

973.2500

972.0486

973.2625

155

979.2500

978.0489

979.2625

156

985.2500

984.0492

985.2625

157

991.2500

990.0495

991.2625

158

997.2500

996.0498

997.2625

8.1  PLANOS DE CANALIZAÇÃO PARA O SERVIÇO

    8.1.1  Os sistemas de TV a Cabo deverão operar de acordo com um dos planos de canalização a seguir definidos e apresentados na Tabela 1, a qual indica a freqüência da portadora de vídeo de cada canal.

        8.1.1.1  Plano de Freqüências Padrão (PFP)

        É um plano de freqüências baseado na canalização de televisão (canais 2 - 6 e 7 - 13), à qual se acrescentam canais com decréscimos de 6 MHz abaixo do canal 7 (175,25 MHz) (correspondendo aos canais 14  a  22  e  95 a 99).

        8.1.1.2  Plano de Freqüências com Portadoras Harmonicamente Relacionadas (PHR)

        É um plano baseado em freqüências portadoras de vídeo que são múltiplos inteiros de 6,0003 MHz e que começa em 54 MHz. Ele resulta em separação de freqüências de -1,25 MHz com relação aos canais do plano de freqüências padrão, à exceção dos canais 5 e 6, nos quais a separação é de +0,75 MHz.

        8.1.1.3  Plano de Freqüências com Portadoras Incrementalmente Relacionadas (PIR)

        É um plano baseado em freqüências portadoras de vídeo a partir de 55,2625 MHz, com incrementos de 6 MHz por canal.

    Antes que comece a falar sobre os modems, gostaria de relatar algo importante no desenvolvimento dos sistemas de TV a cabo. Em 1972, um sistema a cabo em Wilkes-Barre, PA, começou a oferecer o serviço "pay-per-view" Os usuários pagariam para assistirem determinado filme ou programa de esporte. Eles nomearam o novo serviço como "Home Box Office" (HBO). Ele continuou sendo um serviço regional até 1975, quando a HBO começou a transmitir o sinal, através de um satélite geostacionário, para outras redes de serviço a cabo na Flórida e Mississipi. Na época, esses satélites eram capazes de receber e retransmitir 24 canais. Com o início da idéia de os satélites interconectarem diversas redes diferentes de cabo, estava posta a arquitetura dos modernos sistemas a cabo.

    À medida que o número de programas crescia, a banda dos cabos também crescia. Os primeiros sistemas operavam a 200MHz, permitindo 33 canais. Ao passo que a tecnologia progredia, a banda aumentava para 300, 400, 500, 550MHz ...

    Um outro fato que não pode deixar de ser citado é o início, já em 1976, da utilização de fibra óptica para os cabos de entroncamento que carregam o sinal das "head-ends" CATV para os bairros. O head-end é o local onde o sistema a cabo recebe programação de várias fontes, associa a programação aos canais e retransmite esse informação pelo cabo. Uma das grandes vantagens trazidas pelas fibras ópticas reside na não necessidade do uso extensivo de amplificadores, visto que a atenuação do sinal nessa mídia é muito menor do que a observada nos cabos de cobre. Com a redução do número de amplificadores, houve uma dramática melhoria na qualidade do sinal e na confiabilidade do sistema. Levando em conta que uma simples fibra pode prover o serviço, tornou-se possível focar determinado bairro, ou determinado grupo para o provimento de serviços e mensagens específicas. Esse fato inspirou os provedores de serviço a cabo, na criação das LAN's para prover acesso à internet , a partir do uso de modems a cabo.

     Uma última consideração ainda deve ser feita sobre o que a General Instrumets demonstrou em 1989. Provou ser possível converter um sinal de cabo analógico e transmiti-lo em um canal de televisão padrão (6MHz). Usando compressão MPEG, os sistemas de CATV instalados atualmente, podem transmitir 10 canais de vídeo em uma banda de 6MHz de um único canal analógico. Se combinado com uma banda de 550 MHz, seria possível a existência de quase 1000 canais de vídeo em um sistema. Além disso, os sinais digitais possibilitam o uso de códigos corretores de erro para garantir a qualidade do sinal recebido.

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Modems

    A palavra "modem" é uma contração das palavras modulador-demodulador. Um modem é normalmente utilizado para enviar sinais digitais por um meio analógico (mas comumente a linha telefônica). A origem dos modems encontra-se nos anos 60 como uma maneira de permitir que  terminais pudessem se conectar a computadores utilizando linhas telefônicas. Um arranjo típico pode ser mostrado abaixo:

 

    Numa configuração como essa, um terminal burro (dumb terminal) de um lugar remoto pode ligar-se com um grande computador central. Um terminal burro é simplesmente formado por um monitor e um teclado. Um terminal burro muito comum nesta época era chamado de DEC VT-100, que se tornou um padrão (hoje lembrado em emuladores de terminais em todo mundo). Este terminal podia mostrar 25 linhas de 80 caracteres cada. Quando o usuário digitava um caractere no terminal, o modem enviava o código ASCII correspondente para o computador. O computador, então enviava o caractere de volta para o terminal para que fosse mostrado na tela. 

    No final dos anos 70, quando apareceram os primeiros computadores pessoais, os "bulletin board systems" (BBS) se tornaram uma febre. Uma pessoa, configuraria um PC com um modem e alguns programas BBS, e uma outra pessoa se conectaria. Os usuários rodavam emuladores de terminal em suas máquinas para simular um terminal burro. Por muito tempo os modems utilizados eram os de 300bps. A razão pela qual essa velocidade era tolerável repousava no fato de que a essa velocidade, poderiam ser transmitidos cerca de 30 caracteres por segundo - muito maior do que a velocidade de caracteres que uma pessoa pode ler ou escrever. Uma vez que as pessoas começaram a transmitir programas grandes e imagens pelos BBS' essa velocidade começou a ficar incompatível com as necessidades. Na lista abaixo podemos acompanhar a evolução da velocidade desses dispositivos:

  • 300 bps - anos 60 até o ano de 1983 (+ ou -)

  • 1200 bps - ganhou popularidade nos anos de 84 e 85

  • 2400 bps

  • 9600 bps - apareceu no final de 1990 e início de 1991

  • 19,2 Kbps

  • 28,8 Kbps

  • 33,6 Kbps

  • 56 Kbps - tornou-se padrão em 1998

  • ADSL - com velocidade máxima teórica de 8Mbps, ganhou popularidade em 1999

  Como ponto de partida, vamos utilizar os modems de 300bps que são muito simples de entender. Esses dispositivos utilizavam o chaveamento de freqüência  (FSK - frequency-shift keying) para transmitir informações digitais em uma linha telefônica. Na técnica de FSK, diferentes tons (freqüências) são utilizados para transmitir diferentes bits. Na figura a seguir fica claro como essa técnica de modulação funciona.

    Numa comunicação via modem, devemos identificar os dois computadores da seguinte maneira: o que faz a chamada contém o modem que é designado como o modem originador e o que recebe a chamada, contém o que se designa como modem de resposta. Como cada um deles usa freqüências diferentes para "codificar" os bits zero e um (vide tabela seguinte), é possível que a comunicação seja feita em uma operação full-duplex. Os modems que operam em half-deuplex são raros. 

MODEM

BIT 0 BIT 1
originador 1,070KHz 1,270KHz
de resposta 2,025KHz 2,225KHz

  Objetivando criar modems mais rápidos, os engenheiros responsáveis por seu desenvolvimento, tiveram de usar técnicas mais sofisticadas que o FSK. Primeiramente eles migraram para o chaveamento de fase ( PSK - phase-shift keyfing) e depois para o QAM (quadrature amplitude modulation). Essas técnicas possibilitam que uma grande quantidade de informação possa passar pelos 3KHz de banda disponível numa linha telefônica normal. Os modems de 56K, que na realidade se conectam a cerca de 48Kbps em linhas perfeitas, estão no limite dessas técnicas. 

    O passo seguinte na evolução dos modems foi o modem ADSL (asymmetric digital subscriber line). A palavra assimétrica é usada porque esses modems recebem dados a uma taxa superior do que a taxa de transmissão - o upstream e o downstream operam a taxas diferentes. Um modem ADSL se beneficia do fato de haver nas instalações residenciais ou comerciais um par de fios de cobre dedicado entre o telefone e a central local. A banda passante desse par trançado é muito superior aos 3.000 Hertz necessários para um canal de voz. Se as duas extremidades (sua casa ou escritório e a central local) estiverem equipadas com modems ADSL, então o par trançado poderá ser utilizado como meio de transmissão de sinal digital a alta velocidade. Sob condições ideais essa velocidade chega até 1Mbps para upstream - da sua casa ou escritório até a central local - e até 8Mbps para downstream - em sentido contrário. Além do mais, a mesma linha poderá continuar a transmitir os sinais de voz. O princípio utilizado nesses modems é muito simples. A banda do par trançado entre 24.000 Hertz e 1.100.000 Hertz é dividida em bandas de 4.000 Hertz e um modem virtual é designado para cada banda. Cada um desses 249 modems testa sua banda é faz o melhor para utilizar a banda alocada para ele.

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Modems a cabo

    Como vimos, num sistema  de TV a cabo, para cada um dos canais é atribuído uma banda de 6MHz. Os sinais dos diversos canais são recebidos nos head ends seja através de antenas (que captam sinais via satélite, por exemplo), seja através de fibras ópticas conectadas a outros head ends, seja através de antenas comuns captando os sinais transmitidos via rádio em VHF e UHF. O sinal dos diversos canais de TV é então retransmitido pelo cabo para os usuários de forma analógica utilizando-se multiplexação por divisão de freqüência (FDM - Frequency Division Multiplexing).

    Para atingir a cobertura geográfica pelo bairro, os cabos, oriundos do head end são ramificados em múltiplos cabos e cada um dos assinantes recebe o sinal de todos os canais que são transmitidos - é uma estrutura em árvore. Assim como os aparelhos de TV possuem um sintonizador para escolher o canal desejado que é recebido via rádio, os aparelhos de recepção dos assinantes de TV a cabo, também possuem um sintonizador para escolha do canal recebido pelo cabo. Pelo fato de os sinais serem atenuados à medida em que viajam pelo cabo até os assinantes, amplificadores devem ser inseridos na planta para restaurar a potência do sinal. Quanto mais longo for o cabo ou quanto mais ele for ramificado, maior também será o número de amplificadores necessários. Uma inovação citada nos parágrafos anteriores tratava da utilização de uma arquitetura mista entre cabo de cobre e fibras ópticas conhecido como Hybrid Fiber and Coax (HFC). As fibras partem do head end e vão até o bairro, de onde os sinais passam a ser transportados por cabos coaxiais até a casa dos assinantes. Duas vantagens principais sobre o uso dessa tecnologia repousam na maior banda passante disponível e no fato de os sinais poderem ser transportados por distâncias mais longas sem amplificação além da imunidade que a mídia óptica apresenta em relação a interferências eletromagnéticas. A seguir pode ser visto um esquema no qual apresentamos a utilização de um sistema híbrido de cobre e fibra. Nesse esquema ainda fica clara a forma de árvore que a arquitetura que os sistemas de TV a cabo apresentam.

    Algumas considerações devem ser feitas no sentido de se observar as limitações que o sistema instalado para TV apresentaria para aplicações que necessitassem de dois caminhos: um para upstream  e outro para downstream. Para aplicações em Internet, tem de haver dois canais de comunicação um no sentido do head end para o usuário (downstream - DS) e outro em sentido contrário (upstream US). Temos de ter em mente que a limitação do sistema não está no cabo em si, mas nos amplificadores, que possuem um sentido de amplificação. Uma solução não muito inteligente para o problema mas que nas redes mais antigas chegou a ser implementada foi fazer o US e o DS por caminhos diferentes. O DS seria feito pela rede a cabo enquanto o US pela linha comutada telefônica. Um problema evidente dessa solução está no fato de o usuário ter de pagar por dois serviços. Mas alguns fabricantes de equipamentos de amplificação e distribuição de TV proviam um sistema de retorno pelo mesmo cabo, normalmente em canais mais baixos, para funções de monitoramento e controle como a compra de programas pay-per-view. Abaixo segue um   esquema de o que deve conter cada ponto de amplificação para que o sistema bidirecional possa funcionar: Como cada um dos fluxos será modulado em freqüências diferentes, podemos amplificar o sinal na direção conveniente após filtrar o conteúdo do cabo.

    Nas linhas seguintes gostaria de falar e remarcar alguns pontos importantes sobre a rede a cabo sendo utilizada como mídia de comunicação. Sua topologia é em forma de árvore, com o head end localizado na raiz e  aparelhos como os modems a cabo e os set-up-boxes localizados nos nós extremos na árvore.  No US, a comunicação é feita no sentido de um terminal de usuário para o head end e no DS, do head end para o usuário. Deve ficar claro que um terminal não troca dados com outro terminal pelo upstream. Sobre a capacidade do cabo podemos comentar que as redes a cabo são construídas para viabilizarem a utilização de muitos canais de TV - geralmente 50 e em algumas vezes, mais de uma centena. Para DS, isso significa que o cabo tem um tremendo potencial em largura de banda. Os padrões de TV a cabo ditam que os canais devam manter uma relação sinal-ruído de 48 a 50 dB. Como resultado, a capacidade teórica de um canal de DS, é aproximadamente 100Mb/s. Sistemas de codificação na prática atingiram 43Mb/s de capacidade para um canal de 6MHz. Para uma centena de canais, a capacidade agregada para DS seria maior que 4Gb/s. A capacidade de US é mais complicada de se caracterizar por causa da variação das características de ruído nesses canais. Como o US é transmitido em canais mais baixos (5 a 42MHz), ele está sujeito a muitas interferências de ondas de rádio além de interferências causadas por equipamentos domésticos. Sobre o acesso, devemos salientar que o cabo é uma mídia compartilhada por todos os usuários conectados a ele. Isso faz do cabo um meio de comunicação fundamentalmente diferente da rede telefônica comutada que tem um par trançado dedicado entre a central local e cada um dos assinantes. Apesar de ser possível simplesmente dividir os recursos do cabo pelos assinantes, uma situação que alocasse os recursos dinamicamente como necessitado, faria um uso muito mais inteligente deles se diferentes usuários possuíssem diferentes necessidades que variassem ao longo do tempo. Todo sistema que permite múltiplo acesso requer uma solução para alocação de recursos. A implementação de uma solução para alocação de recursos pode introduzir complexidade no sistema de comunicação e será julgada em termos do aumento de custos e da eficiência com a qual ele opera. Redes a cabo impõem latências de transmissão que são ocasionadas pelo tempo que se leva para que os sinais se propaguem pela rede. Podemos estimar essas latências baseados no maior caminho esperado entre um assinante e o head end. Atrasos de propagação cria problemas para sistemas de comunicações multi-acessados - a dificuldade está no fato de que o sistema não possa detectar colisões (o caso de duas transmissões simultâneas) dentro do tempo de uma transmissão, e como resultado, o nó que está transmitindo não pode saber de imediato se a transmissão foi bem sucedida.

    Os modems a cabo podem ser tanto internos quando externos ao computador. Em alguns casos ele pode ser parte do set-up-box, exigindo somente um teclado e um mouse para prover o acesso à internet. Os componentes chave destes dispositivos, que podem ser vistos no gráfico acima, serão explicados a seguir.

  • Sintonizador

    O sintonizador se conecta ao cabo, muitas vezes através de um splitter que separa dos dados da internet da programação normal da CATV. Uma vez que os dados da internet chegam através de um canal que não está sendo utilizado pela TV, o sintonizador, simplesmente recebe o sinal modulado e o passa para o demodulador. Em alguns casos, o sintonizador conterá um "diplexador" - diplexer - que permite ao sintonizador fazer uso de um conjunto de freqüências (geralmente entre 42 e 850MHz) para tráfego de DS e outro grupo de freqüências (entre 5 e 42MHz) para tráfego de US. Como citado acima, em alguns sistema mais antigos, será utilizado um canal do cabo para o fluxo de DS e um outro modem ligado à linha telefônica para o US.

  • Demodulador 

    Os demoduladores mais comuns têm quatro funções. Um demodulador QAM (quadrature amplitude modulation) recebe um sinal de rádio freqüência que teve a informação codificada a partir da variação da fase e da amplitude e o transforma em um sinal simples que pode ser processado por um conversor analógico-digital (A/D). Esse conversor recebendo o sinal, que varia em tensão e transforma em uma série de bits. Um módulo de correção de erros então checa a informação recebida a partir de um padrão conhecido, de modo que problemas na transmissão possam ser detectados e corrigidos. Em muitos casos, os quadros da rede estão no formato MPEG, de modo que um sincronizador MPEG é utilizado para assegurar que os grupos de dados estão em ordem.

  • Modulador

    Nos modems a cabo que utilizam o sistema de cabo para fazerem o US, um modulador é utilizado para converter os dados digitais da rede de computador em sinais de rádio-freqüência para transmissão. Este componente é chamado algumas vezes de "modulador de rajadas" - burst modulator - por causa da irregularidade do volume da maior parte do tráfego entre um usuário e a internet. Ele consiste de três partes: uma seção para inserir informação usada para correção de erros; um modulador QAM - vale lembrar que muitos fabricantes estão utilizando a modulação QPSK ou similar na direção do US, uma vez que essa modulação é mais robusta em ambientes de ruído (lembre-se que o canal de US está mais sujeito a ruídos): essa é uma recomendação da norma IEEE 802.14; um conversor digital-analógico (D/A). 

  • Controle de acesso ao meio (MAC) 

    O MAC se encontra entre as partes de US e DS do modem a cabo, e atua como a interface entre a parte de software e hardware dos vários protocolos de rede. Todos os dispositivos de rede de computadores tem MAC's, mas no caso de modems a cabo as tarefas são mais complexas do que as realizadas pelo MAC de uma interface de rede comum. Por essa razão, na maioria dos casos, algumas das funções MAC serão atribuídas para uma unidade central de processamento (CPU - central processing unit) - tanto a CPU do modem a cabo como a CPU do sistema do usuário. 

  • Microprocessador

    As tarefas do microprocessador dependem se o modem está sendo utilizado como parte de um sistema maior - no caso de estar conectado a um computador -, ou se esse provê o acesso à rede sem o auxílio de computadores. Nas situações abrangidas pelo primeiro caso, o microporcessador interno ainda realiza muitas das funções do módulo dedicado de MAC. Nos sistemas em que o modem a cabo está só - sem computadores - no acesso à internet, as tarefas do microprocessador acumulam além das funções associadas ao MAC, aquelas que seria realizadas pelo computador. em ambos os casos, um processador PowerPC da Motorola é uma escolha comum entre os projetistas.

    No head end do provedor de serviços a cabo, o CMTS (Cable Modem Termination System) provê muitas funções semelhantes as que provêm os DSLAM (DSL Access Multiplexer) nos sistemas DSL. A CMTS pega o tráfego chegando de um grupo de usuários por um único canal e o rotea para um ISP (Internet service provider) para conexão com a Internet. No head end os provedores de serviços a cabo terão, ou irão disponibilizar para que ISP's terceirizados tenham, servidores para contas e logging, DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol) para atribuir e administrar os endereços IP para todos os usuários do sistema a cabo.

    A informação contida no DS chega a todos usuários conectados, assim como em uma rede Ethernet - a decisão se um determinado bloco de dados é direcionado para um determinado usuário fica por conta dele. Já a informação de US é mandada de um usuário para a CMTS - os outros usuários não têm acesso a esses dados. A banda mais estreita dedicada para o US é dividida em fatias de tempo. Cada usuário poderá transmitir em uma delas uma rajada de dados para a internet. A divisão por tempo funciona bem para os comandos muito pequenos, requisições e endereços que formam a maior parte do volume de tráfego na direção de US.

    Um CMTS irá habilitar até 1000 usuários conectando-se à internet através de um único canal de 6MHz. Uma vez que nesse canal somos capazes de transmitir de 30 a 40 Mbps, mesmo sendo o canal compartilhado por tantos usuários, ainda sim, cada um desfrutaria de uma performance muito melhor do que a experimentada em modems com acesso discado.

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Referências

http://www.cabledatacomnews.com/cmic/cmic1.html

http://www.cabledatacomnews.com/cmic/cmic2.html

http://www.cabledatacomnews.com/internettv/cmic15.html

http://www.cabledatacomnews.com/cmic/cmic3.html

http://www.cablemodem.com/faq

http://www.cg.org.br/grupo/seg_cabo.htm

http://www.geocities.com/SoHo/Museum/1061/report.htm

http://www.clubedohardware.com.br/modems.html

http://tns-www.lcs.mit.edu/publications/mitlcstr654.html

http://itc.mit.edu/~gingold/thesis/

http://computer.howstuffworks.com/cable-modem.htm

http://computer.howstuffworks.com/modem.htm

Lei 8977/96 e norma no 13/96 que tratam da televisão a cabo no Brasil

Tanenbaum, Andrew S. – “Computer Netoworks”, 2nd edition, Prentice Hall

Haykin, Simon – “Communications Systems”, 4th Edition, Wiley

Queiroz, Mauros Campello - Um Método de Acesso ao Meio com Garantia de Qualidade de Serviço para Modem a Cabo, Tese de mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de Janeiro, 2000.

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Leimar Silva Schottz Mafort - leimaf@hotmail.com
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Revisado em: quinta-feira, 03. julho 2003 08:14:22.