Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia Eletrônica

 

Como o tráfego de dados cresce muito mais rapidamente que tráfego de telefone, o interesse em transportar voz por rede de dados tem aumentado consideravelmente.

O VoIP pode ser definido como a capacidade de fazer chamadas telefônicas por rede de dados baseadas em IP com uma qualidade de serviço conveniente e uma relação custo/beneficio muito maior .

Há, porém, algumas barreiras que precisam ser ultrapassadas – das mais óbvias, como a necessidade de que o telefone opere sem energia, aos impasses técnicos.

As comunicações por voz permanecerão sem dúvida alguma como a mais básica forma de relacionamento entre nós.

O objetivo imediato dos serviços de VoIP é reproduzir as capacidades de telefonia já existentes a um custo de operação signifícantemente mais baixo, oferecendo uma alternativa técnica competitiva ao PSTN. Na pior das hipóteses, isso aumentará a funcionalidade e reduzirá os custos dos atuais provedores de telefonia.

O VoIP pode ser aplicado a qualquer exigência de comunicação por voz – desde uma comunicação entre escritórios à teleconferência multi-ponto complexas. A qualidade da reprodução do som deve poder ser ajustada; dessa forma o equipamento de VoIP deve ser flexível o bastante para abranger diversas configurações e mesclar-se à telefonia tradicional.

Aplicações:

PSTN gateway : a conexão da Internet ao PSTN pode ser alcançada por gateway, quer integrado a um PBX ou através de dispositivo em separado.

Internet sensível à voz: telefones comuns podem acessar à Internet submetendo um nome e recebendo uma resposta em voz.

Acesso remoto de uma filial ou home office : um pequeno escritório pode emular uma extensão remota para PBX.

Chamada por voz de um PC móvel através da Internet: será possível fazer chamada de um hotel usando um laptop conectado a Internet.

Comércio eletrônico: será possível ao cliente ser respondido a respeito de um produto oferecido na Internet por funcionários on line .

A possibilidade de comunicação por voz através da Internet, além do PSTN, tornou-se uma realidade em fevereiro de 1995, quando a Vocaltec, Inc. trouxe o Internet Phone Software. Projetado para operar em um PC de pelo menos 486 MHz com placa de som, alto-falantes, microfone e modem (veja figura 1), o software comprime o sinal de voz e o traduz em pacotes IP para transmissão através da Internet. A comunicação PC-a-PC funciona apenas caso ambas as partes estejam usando o Internet Phone Software.

Figura 1. PC configurado para VoIP

Em um curto período de tempo, a telefonia via Internet evoluiu consideravelmente. Vários softwares para esta aplicação foram criados, e o que é mais importante, servidores gateway passaram a atuar como interface entre a Internet e o PSTN. Equipados com placas de processamento de voz, esses servidores permitem que os usuários possam comunicar-se via telefones comuns.

Figura 2. Topologia do PC-to-Phone

Figura 3. Seqüência da Conexão VoIP PC-to-Phone

A chamada atravessa a rede PSTN local até o gateway mais próximo, que digitaliza o sinal analógico, o comprime em pacotes IP e é transportada pela Internet até o gateway do receptor final (verifique a figura 4).

Com suporte a chamadas computador-telefone, telefone-computador e telefone-telefone, a telefonia na Internet representa um passo significante para integração de redes de dados e voz.

Figura 4. Seqüência da Conexão VoIP

A telefonia na Internet oferece uma economia tremenda em comparação com o PSTN. Os usuários podem driblar os impasses de transmitir sinais a longa-distância e suas conseqüentes taxas altíssimas e usar a Internet para tráfego de voz por uma cota mensal única.

Figura 5. Conexão PC-to-Phone

Figura 6. Conexão Phone-to-Phone

Apesar de sua assombrosa evolução, a telefonia via Internet ainda encontra problemas relativos à confiabilidade e qualidade do som devido principalmente a limitações de banda na Internet e à tecnologia de compressão existente. Como resultado, a maior parte das empresas que anseiam por reduzir suas contas de telefone hoje em dia, restringem-se a aplicações de telefonia via Intranet. Dessa forma, é possível conhecer a banda disponível no canal e comportar comunicações full-duplex em tempo-real. Algumas companhias limitam o tráfego de voz pela Internet a aplicações tipo half-duplex assíncronas, como mensagens de voz.

A telefonia via Internet dentro de uma rede local permite que os usuários economizem em contas de longa-distância entre pontos da rede, mediante gateways conectados a LAN, sem necessidade de software para telefonia adicionais.

Por exemplo, um usuário A no Rio de Janeiro deseja fazer uma ligação (ponto-a-ponto) para o usuário B na matriz do escritório em Milão. Para tanto, basta conectar-se ao servidor gateway equipado com uma placa para telefonia e um software para compressão/conversão dos dados; o próprio servidor encarrega-se de configurar o PBX (Private Branch Exchange) para digitalizar a chamada. O usuário A pode então discar o número do escritório em Londres e o gateway transmitirá a chamada (digitalizada e em pacotes IP) através da rede global (WAN) baseada em IP para o terminal em Milão. O gateway em Milão converterá o sinal digitalizado de volta a sua forma analógica e o entregará ao usuário chamado.

Figura 7.Conexão PC–to-Phone

Figura 8. Gateway para Telefonia via Internet

Essa versão da telefonia pela Internet permite também que as companhias transmitam a voz digitalizada e o tráfego de dados juntos através da Intranet em auxílio a aplicações compartilhadas e whiteboarding.

O objetivo maior da telefonia através da Internet é, obviamente, prover um serviço de voz confiável e de alta qualidade, como os usuários esperam de um PSTN. Atualmente, as restrições de banda na Internet provocam perdas de pacotes. Em comunicações por voz, as perdas de pacotes significam períodos de silêncio na conversação, provocando falhas no discurso, o que é altamente desagradável e absolutamente inaceitável em negociações por telefone.

Figura 9. Telefonia na Internet

A Internet, uma coleção de mais de 130.000 redes, alcança grande popularidade. As restrições de banda tornam-se mais críticas com a intensificação do uso da rede, resultando em congestionamento que provocam atrasos na transmissão dos pacotes, que são perdidos ou descartados.

Ainda, como a Internet é uma rede em comutação de pacotes ou sem conexões, pacotes individuais de cada sinal de voz irá atravessar um caminho diferente para ser posteriormente reunido – na seqüência adequada – no seu destino final. Ao passo em que esse procedimento traz um aproveitamento mais eficaz dos recursos da rede que a comutação de circuitos em PSTN, que roteia uma chamada por um único caminho, ele aumenta as chances de perda de pacotes.

A qualidade da voz deve ser comparável à oferecida pela PSTN, mesmo em redes com diferentes níveis de QoS.

A rede IP deve atender critério de desempenho rígidos como a minimização dos chamadas recusadas, latências da rede, perda de pacote, desconexão. As exigências devem ser atendidas mesma em período de congestionamento ou quando vários usuários compartilham os recurso da rede.

Os controles das chamadas devem ser transparentes; o usuário não precisa saber que tecnologia esta sendo usada implementada.

Os gateways devem esta equipados para poderem lidar com ambientes de rede operando voz e dados.

O gerenciamento do sistema, segurança e identificação do usuário devem ser providenciados, de preferência compatíveis com o sistema de suporte às operações PSTN.

O uso o VoIP deve ainda permanecer economicamente viável mesmo quando os preços do PSTN caírem.

A qualidade da reprodução do som numa rede de telefonia é bastante subjetiva, embora medidas padronizadas tenham sido desenvolvidas pela ITU.

A confiabilidade da rede e a qualidade do som são funções das técnicas de codificação de voz e estão associadas com os algoritmos de processamento de voz nos servidores gateway. Até hoje, os maiores designers de software para telefonia na Internet, bem como os fabricantes de gateways, têm usado uma variedade imensa de protocolos de compressão. O uso de técnicas diversas, com diferentes taxas de bits e mecanismos para reconstrução dos pacotes de voz e gerenciamento de atraso, provocam diferentes níveis de inteligibilidade e fidelidade do som transmitido através da Internet. A falta de protocolos de padronização significa incapacidade de inter-operação entre os produtos de telefonia para Internet, ou mesmo de integração com o PSTN.

Três fatores são considerados de profundo impacto na qualidade do serviço:

Figura 10 Jitter

A manutenção de níveis adequados de qualidade de voz mesmo apesar de variações do desempenho da rede é alcançada mediante técnicas de compressão, supressão de silêncio e redes de transporte com qualidade de serviço.

DSPs de baixo custo e excelente performance são capazes processar algoritmos de compressão e cancelamento de eco eficientemente.

Softwares de pré-processamento de voz podem ser usados para otimizar a qualidade da transmissão. A técnica da supressão do silêncio detecta pausa nos discursos e suprime a transmissão economizando de 50% a 60% de uma chamada, o que resulta em considerável conservação da banda. É preciso, porém, inserir um "ruído de conforto" no receptor, pois ausência de pacotes representa silêncio absoluto. O G.168 define as exigências de cancelamento de eco.

Suporte para voz em redes IP

Há três técnicas diferentes que podem ser usadas combinadas ou em separadas para aumentar a qualidade da rede:

Equipamentos para VoIP, que podem ser categorizados em cliente, acesso/gateway e segmentos de classe/infraestrutura devem permitir configuração e ser suficientemente flexível para incorporar novas tecnologias.

O tráfego em tempo-real pode ser conduzidos por redes IP em três diferentes formas:

As redes futuras em VoIP incluirão PBX baseados em IP que emularão as funções de um PBX tradicional. Isso permitirá que telefone padrão e PCs multimídia sejam conectados ao PSTN ou à Internet através de uma migração transparente ao VoIP. Um IPX podem combinar as características dos atuais switches e roteadores e transformar o gateway em uma variedade de serviços adicionais como diretórios, receptores de mensagens, firewalls e outros servidores de rede. Tal sistema de VoIP devem combinar comunicar em tempo real ou não. Por exemplo mensagens de fax ou voz utilizam funções similares a chamadas telefônicas mas não precisam dos mesmos níveis de QoS nas camadas mais baixas da rede.

A figura abaixo mostra os protocolos da rede IP atualmente usados para implementar VoIP.

 

Figura 11 Estrutura de Protocolo para VoIP

Figura 12

Software para VoIP

O software para conversão de voz em pacotes no terminal VoIP deveria incluir:

O módulo de um processamento de voz deve executar as seguintes funções:

O subsistema de processamento de chamadas detecta a presença de uma nova chamada e reúne as informações de endereçamento. Vários padrões de sinalização de chamadas precisam ser comportados.

A interface com a rede de telefonia deve ser monitorada para reunir os comandos e a resposta chegando.

Os protocolos de sinalização, como o E&M, devem ser terminados e a informação extraída.

A informação de sinalização deve ser mapeada em um formato que possa ser usado para estabelecer uma seção na rede em pacotes.

Números de telefone (endereço de discagem E.64) devem ser convertidos em endereços IP. Duas abordagem de discagem são usadas:

estágio único: discagem do número de destino e roteamento automático

dois estágios: discagem do número gateway do VoIP , e posterior discagem ao destino real.

A capacidade de digitalizar e processar fluxo de voz através de blocos básicos de software é a chave primária para o sucesso da implementação do VoIP. O equipamento de VoIP deve está de acordo com o padrão H.323 que descreve os terminais, serviços e equipamentos para multimídia através da rede (como LAN ou Internet) que por si não garantem a QoS. A figura abaixo ilustra os componentes funcionais dos terminais que usam o padrão H.323.

Figura 13

As interfaces entre os módulos devem ser bem definidas de modo que o mesmo dispositivo possa ser configurada para operar com IP, frame relay ou ATM.

Implementação de VoIP em sistemas

A figura 6 é um refinamento da figura 1 que inclui o gateway do VoIP e as funções a nível do sistema que são essenciais para um sistema de VoIP de alta qualidade. O gateway do VoIP pode ser integrado ao switch de voz (PBX ou coswitch) ou em um switch de IP.

Algumas das funções necessárias para um sistema VoIP incluem .

A implementação de sistema VoIP full-scale deve garantir as capacidades assumidas em sistemas como PSTN:

Espera-se que dentro dos próximos anos a indústria contorne os problemas da limitação de banda usando o Assynchronous Transfer Mode (ATM) como o backbone da Internet. Esse tipo de otimização da rede pretende eliminar o congestionamento da rede e a perda de pacotes a ela associada. A indústria da Internet tenta igualmente atacar os problemas de confiabilidade e qualidade do som na rede através da gradual adoção de padrões. Os padrões estão sendo focados nos três elementos centrais da telefonia na Internet: o formato de codificação do áudio, o protocolo de transporte, e os serviços oferecidos.

 

Em Maio de 1996, a International Telecommunications Union (ITU) ratificou a especificação H.323, que define como voz, dados e tráfego de vídeo devem ser transportados em redes locais baseadas em IP; o padrão incorpora também o T.120 que refere-se a conferência de dados (vide figura 10). A recomendação sustenta-se no protocolo/controle em tempo real (RTP;RTCP) para gerenciamento de sinais de áudio e vídeo.

 

 

 

Figure 10. Seqüência de Chamada pelo H.323

O H.323 garante que o tráfego de dados que são sensíveis ao atraso ( como voz e vídeo) tenham prioridade no transporte que seja assegurado comunicação em tempo-real via Internet. O H.324 define o transporte de voz, dados e vídeo através de redes de telefonia comuns, ao passo que o H.320 define protocolos para transportar voz, dados e vídeo através de redes de serviços integrados - Integrated Services Digital Network (ISDN).

O H.323 é um grupo de recomendações, dentre as quais está o G.729 para codificação de áudio, ratificado pela ITU em Novembro de 1995. Apesar das recomendações da ITU, no entanto, o Fórum sobre Voz sobre IP em março de 1997 preferiu a especificação G.723.1. A indústria – dominada pela Microsoft e pela Intel – aquiesceu em sacrificar a qualidade do som em prol de um melhor aproveitamento da banda – o G.723.1 requer 6.3kbps enquanto que o G.729 exige 7.9kpbs. Para alcançar a qualidade equiparável ao PSTN, os padrões ainda precisam garantir as conexões à Internet.

O protocolo de transporte RTP, no qual baseia-se o H.323, é, essencialmente, uma nova camada de protocolo para aplicações em tempo-real; o equipamento de RTP inclui mecanismos de controle para sincronização de diferentes fluxos de dados. No entanto, o RTP não apresenta nenhum mecanismo para assegurar a entrega dos sinais em tempo ou para recuperar os pacotes perdidos. O RTP também não menciona a chamada qualidade de serviço ou Quality of Service (QoS), destinada a garantir disponibilidade de banda para aplicações específicas. O que existe atualmente, é um padrão de protocolo de sinalização para reforçar a capacidade da Internet lidar com tráfego em tempo-real (ou seja, dedicar caminhos de transporte fim-a-fim para sessões específicas como a comutação de circuitos PSTN realiza). Caso seja adotado, o RSVP – Resource Reservation Protocol – será implementado em roteadores para estabelecer e manter os caminhos de transmissão e os níveis de QoS.

A tabela abaixa lista os padrões que foram adotados como parte da família H.323.

Figura 14

Tabela 1

Embora o H.323 reconhecido como padrão para terminais VoIP, a outros padrões mais apropriados para algumas aplicações como o IP telefone. Como o H.323 foi hoje originariamente projetado para melhor funcionalidade a ele, foi destinada maior prioridade em detrimento da locação de recurso. Isso originou protocolo alternativo que podem operar em conjunto com o H.323, e cuja orientação tende a ser mais leve. Esses protocolos estão listados na tabela abaixo.

Figura 15

Tabela 2

 

Um protocolo mais leve – LDAP v3.0 – parece emergir como base para um novo padrão.

 

Vários fatores influenciam no desenvolvimento de produtos e serviços em VoIP. Atualmente, as áreas mais promissoras para VoIP são intranets corporativas e extranets comerciais. As suas infraestruturas baseadas em IP permitem que os operadores controlem quem pode – ou não pode – usar a rede.

Um outro elemento na evolução da telefonia pela Internet é o gateway do VoIP. Como tais gateways variam desde plataformas baseadas em PC a sistemas tipo embedded bastante robustos, cada um poderá lidar com centenas de chamadas simultâneas. Consequentemente, as empresas irão explorar sua capacidade para reduzir as despesas associadas com tráfego de voz, fax e vídeoconferência. A economia de manter todo o tráfego em uma rede baseada em IP conduzirá as empresas nessa direção simplesmente porque o IP atua como agente unificador, independente da arquitetura (ou seja, leased lines, frame relay, ou ATM) da rede de uma organização

Extranets comerciais baseadas em redes com engenharia de IP bastante conservativas, entregarão VoIP e facsimile através de serviços do protocolo da Internet ao público em geral. Ao garantir parâmetros específicos, como atraso nos pacotes, jitter, e interação dos serviços, as extranets assegurarão redes confiáveis para tais aplicações.

O que precisa ocorrer para que pavimentar o caminho dos serviços integrados será o aumento da banda do backbone e na velocidade do acesso, desde as tecnologias IP/ATM/SONET e ISDN, modems e sDSL, em que se espera que o usuário terá que pagar pelo nível requerido

Acredita-se que ainda nesta década, vídeoconferência (H.323) com a colaboração de especificações para dados (T.120) irão se tornar o método comum para comunicação entre as companhias. em breve, a camera de vídeo será uma parte padrão do computador pessoal, para sistemas de multimídia completos, e os serviços de VoIP serão difundidos em massa no mercado.

ATM: asynchronous transfer mode

DLE: DTM LAN emulation

FAXoIP: facsimile over Internet protocol

IP: Internet protocol

ISDN: integrated services digital network

ITU: International Telecommunications Union

KBPS: kilobytes per second

LAN: local-area network

LDAP: lightweight directory access protocol

MHz: megahertz

PBX: private branch exchange

PC: personal computer

PSTN: public switched telephone network

QoS: quality of service

RTCP: real-time control protocol

RTP: real-time protocol

SOHO: small-office/home-office

SONET: synchronous optical network

VoIP: voice over Internet protocol

VPN: virtual private network

WAN: wide-area network

xDSL: x digital subscriber line (e.g., x = A for "asymmetric", x = H for "high: bit-rate")

 

 

 

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