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PERSPECTIVAS

 

No Mundo

           Atualmente, alguns padrões seguem diferentes linhas no que diz respeito ao mercado de redes domésticas (Home Networking) através da fiação elétrica. Isso dificulta a aceitação e expansão da tecnologia. As principais organizações que propõem esquemas para a tecnologia Power Line Communications são: High-Definition Power Line Communication (HD-PLC) Alliance, HomePlug Powerline Alliance (HPA) e Universal Powerline Association (UPA).
           A HomePlug Powerline Alliance anunciou, em 2005, o padrão HomePlug AV, com o objetivo de suportar transmissões de dados e conteúdos de entretenimento com taxas de até 200 Mbps, permitindo assim distribuir sinais de HDTV (High Definition Television) e SDTV (Standard Definition Television) para toda uma residência através da fiação elétrica [LEE et al., 2003]. Esse padrão possui compatibilidade com o sistema HomePlug 1.0, destacando-se pelo fato de seu método de acesso ao meio suportar tanto CSMA (Carrier Sense Multiple Access), fornecendo quatro níveis de prioridade, como TDMA (Time Division Multiple Access), garantindo Qualidade de Serviço (QoS – Quality of Service), por meio de reserva de banda, confiabilidade e controle de latência [HOMEPLUG POWERLINE ALLIANCE, 2005].
           A adoção de um padrão único garantiria compatibilidade com outros sistemas, simplicidade de instalação, redução de custos e consolidação de mercado. Nesse sentido, o International Telecommunication Union - Telecommunication Standardization Sector (ITU-T) passou a desenvolver um projeto, denominado G.hn, em 2006 com o objetivo de se tornar um padrão mundial de telecomunicações operando sobre linhas elétricas, telefônicas e cabos coaxiais, alcançando taxas de até 1 Gbps. O padrão G.hn é apoiado pelo HomeGrid Forum e por um conglomerado de empresas [OKSMAN e GALLI, 2009]. Atualmente, o grupo IEEE P1901, formado por pesquisadores do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), é o responsável por decisões na definição do padrão global para a tecnologia de transmissão de dados através das linhas elétricas.           

No Brasil

           O Brasil apresenta um cenário cuja aplicação da tecnologia PLC poderia ser de grande valia. Considerando as características desse cenário, onde a capilaridade das redes de energia elétrica atingem cerca de 98% do território brasileiro, o sistema PLC representaria uma alternativa de inclusão digital, como uma nova proposta para a questão da última milha, a largura de banda insuficiente na rede entre o usuário final e o provedor de Internet [MARTINHÃO, 2007].
           A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) realizaram testes ao longo dos últimos anos a fim de determinar a viabilidade da tecnologia e proceder com sua regulamentação. Após várias audiências públicas e contribuições de diversas organizações, em agosto de 2009, a ANEEL aprovou uma Resolução estabelecendo um regulamento para a utilização da tecnologia PLC no Brasil, mais especificamente sobre a infraestrutura das empresas que realizam a distribuição de energia. Há expectativa por um acesso mais amplo à Internet por parte da população, uma vez que a penetração dos serviços de telecomunicação no país ainda é reduzido se comparado com o sistema de redes de energia elétrica [MARTELLO, 2009].
           Após a regulamentação por parte da ANEEL, as empresas, tanto as distribuidoras de energia, como as que serão provedoras de conteúdo, já podem se organizar a fim de disponibilizar o serviço à população [ANEEL, 2009]. A ANEEL fiscalizará apenas o serviço de distribuição da energia elétrica, enquanto que a transmissão de dados ficará a cargo da ANATEL.
           Apesar de estar de certo modo atrasado em relação a alguns países no que diz respeito à aplicação de serviços das redes PLC, o Brasil tende a ganhar benefícios com a implementação dessa tecnologia. O aumento da concorrência no setor de telecomunicações pode trazer vantagens para a população, reduzindo o custo dos serviços, além de buscar-se maior qualidade na oferta dos mesmos.