VANETs

Redes Veiculares

GTA/UFRJ - Redes de Computadores I

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INTRODUÇÃO

  Com muita frequência, os noticiários transmitem acidentes de diferentes naturezas envolvendo veículos. Nas principais rodovias, veículos colidem com as estruturas ou com outros veículos deixando milhares de mortos e feridos, enquanto que pedestres são atropelados e carros colidem nos cruzamentos dos meios urbanos. A imprudência dos motoristas e as péssimas condições das vias estão entre as principais causas. Por outro lado, os altos índices de congestionamento tem sido um problema tanto para as autoridades quanto para os condutores. Diante disso, diversas ações de intervenção têm sido estudadas, como o uso da legislação para punir os transgressores e culpados pela ocorrência. Será descrito aqui um mecanismo para se prevenir esses acidentes utilizando-se os Sistemas de Transporte Inteligentes (ITS – Intelligent Transportation System). Esses sistemas costumam se basear em tecnologias avançadas e um sistema de intercomunicação.

  As chamadas VANET’s (Vehicular Ad hoc NETworks), ou redes veiculares, surgem com o objetivo de interconectar os atuais veículos, os quais contêm uma grande quantidade de sensores, através de uma rede sem fio. Dessa forma, os veículos poderão coletar ou compartilhar informações úteis para o gerenciamento do tráfego ou para prover assistência ao motorista. Essa troca de informações pode ser feita de três maneiras: V2V (Vehicular-to-Vehicular), V2I (Vehicular-to-Infrastructure) ou uma forma híbrida entre as duas anteriores (Ver Figura 1).

  Nas seção seguinte, será feita uma análise sobre as vantagens e desvantagens de cada um dos modos de comunicação, assim como as características das redes veículares, suas semelhanças e diferenças em relação à MANET (Mobile Ad hoc NETwork). Em seguida, algumas aplicações para as redes veiculares serão apresentadas. Em seguida, será apresentado o que há em desenvolvimento para tornar possível a implementação das redes veiculares e o motivo de não serem usadas as tecnologias de rede sem fio já existentes. Uma breve apresentação à arquitetura WAVE (Wireless Access Vehicular Environment) será feita, assim como às Unidades de Bordo e Unidades de Acostamento, elementos fundamentais para a comunicação entre veículos e com a infraestrutura. Na seção Segurança, será analisado o que pode ocorrer caso haja falhas na rede. Se observará que elas podem ser provocadas intencionalmente através de ataques, sendo muitos deles já existentes na Internet. As principais contramedidas serão descritas. Em seguida, os principais desafios das redes veiculares serão enumerados e uma breve descrição será feita.

Figura 1

Tipos de comunicação nas redes veiculares. Em amarelo estão as comunicações entre veículos e a infraestrutura (V2I); em vermelho as comunicações entre veículos (V2V); um veículo que faz uso da comunicação híbrida está em vermelho e amarelo. Infraestruturas podem conectar as redes veiculares à outras redes, como a Internet.

CARACTERÍSTICAS

 As redes veiculares, ou simplesmente VANET’s (Vehicular Ad hoc NETworks), são uma subcategoria das redes móveis ad hoc (MANET’s – Mobile Ad hoc NETworks). Portanto, consistem de uma rede autoconfigurável e distribuída, sendo composta por nós móveis, ou seja, veículos em movimento. Esse tipo de rede costuma não necessitar de uma infraestrutura fixa para comunicação ou disseminação de informação, entretanto há três tipos de comunicação que podem ser utilizadas: ad hoc puro (V2V – Vehicle-to-Vehicle), infraestruturada (V2I – Vehicle-to-Infrastructure) e a forma híbrida.

 Na comunicação V2V, apenas veículos fazem parte da comunicação, atuando como roteadores e transmitindo as mensagens do remetente ao destinatário através de múltiplos saltos. Assim, não há necessidade de um elemento centralizador ou gastos com infraestruturas, porém a conectividade da rede é dependente da densidade da rede e da mobilidade dos nós, podendo interferir no alcance de propagação das mensagens. Além disso, é necessário que os algoritmos de roteamento sejam capazes de lidar com particionamento da rede e enlaces perdidos, pois a topologia da rede é altamente dinâmica e os nós se movem em velocidades altas. Diferentemente, a comunicação V2I exige a construção de infraestrutura para suportar as redes veiculares, pois nesse tipo de comunicação, veículos só trocam infomações com as infraestruturas às margens das vias. Essa técnica envolve custos extremamente altos, porém aumenta a cobertura da comunicação e possibilita a integração com outras redes, como a Internet, por exemplo. Por último, a comunicação híbrida busca unir os dois tipos de comunicação já descritos, de forma que um veículo possa trocar informações com outro veículo ou com a infraestrutura. Nesse caso, há ainda a necessidade de pontos fixos de interconexão, porém em quantidades bem menores, o que reduz o custo da rede, aumenta a conectividade, possibilita o fornecimento de serviços de outras redes e mantém as comunicações V2V e V2I.

 Apesar de, à primeira vista, as redes MANET’s parecerem ser a solução perfeita para as redes veiculares, há algumas características únicas que as diferenciam e revelam que algumas adaptações devem ser feitas para que possam suportar as VANET’s, as quais incluem:


  • Topologia altamente dinâmica: Veículos se movem em altas velocidade e podem provocar mudanças constantes na topologia da rede devido a enlaces de curta duração.

  • Rede frequentemente desconectada: Há a probabilidade da rede perder a conectividade, provocando várias componentes conexas, principalmente em áreas de baixa densidade de nós.

  • Energia e capacidade de processamento suficientes: Com nós sendo veículos, não há limitação de energia ou armazenamento de dados e estes podem ser capacitados com alto poder de processamento.

  • Tipo de comunicação: As VANET’s se caracterizam pelo grande tráfego broadcast, sendo contrário à maioria das redes Ad Hoc.

  • Mobilidade previsível: Ao contrário de MANET’s, onde os nós possuem uma mobilidade aleatória, os nós em VANET’s são limitados a se moverem respeitando as vias de transporte. Portanto, é possível prever a localização do nó com base em sua velocidade e no mapa da via.

  • Vários ambientes de comunicação: Há diferenças significativas entre os cenários nos quais se dão as comunicações, sendo influenciadas pela existência de obstáculos, pelos sentidos das estradas ou pela densidade dos nós. Consistem basicamente de ambientes urbanos, rurais e rodovias.

  • Limites de latência reduzidos: Por lidarem com a vida humana e aos enlaces de curta duração, as trocas de mensagens, principalmente aquelas relacionadas à segurança, devem ocorrer num intervalo de tempo extremamente curto, ou seja, essa tecnologia exige uma latência bem reduzida.

  • Interação com sensores on-board: Os nós costumam possuir grande quantidade de sensores, os quais podem ser usados para dar suporte às decisões das aplicações.

  • APLICAÇÕES

     Diferentemente das redes de celulares já existentes, as redes veiculares permitem o envio de informações com latência mínima, garantindo rápido conhecimento de perigos e do trânsito, por exemplo, pelos motoristas. As VANETs podem ser consideradas uma aplicação das MANETs, com diferenças na arquitetura, aplicações e desafios. A aplicabilidade das redes veiculares se baseia na coleta, no processamento e na disseminação das informações, que por serem diversificadas levam à categorização das aplicações.

     Há mais de uma forma de categorizar as aplicações das redes veiculares. Uma delas as divide em aplicações não voltadas para a segurança (destinadas ao conforto e entretenimento) e aplicações voltadas para a segurança. Os principais exemplos de cada uma são citados abaixo.


  • Não voltadas para a segurança: alerta de pedágios, identificação de pontos de interesse e acesso à internet (os passageiros podem jogar online e receber mensagens instantâneas enquanto conectados à rede).

  • Voltadas para a segurança: alertas de velocidade, sensor de colisão iminente, alerta de sinais da via e alerta de mudança de faixa.

  •   A eficiência é um benefício importante dos alertas. Caso haja a detecção de trânsito à frente, o motorista pode utilizar uma rota alternativa, como mostrado na Figura 2.

      É possível agrupar os exemplos das aplicações destinadas à segurança em quatro categorias. Vale ressaltar que alguns necessitam de uma arquitetura infraestruturada (alerta de violação do limite de velocidade, por exemplo), enquanto que outras requerem a comunicação V2V (alerta de colisão iminente, por exemplo).


  • Prevenção de colisão em cruzamentos: alerta de violação de sinais de trânsito, alerta de violação de parada obrigatória e alerta de confluência mal sinalizada.

  • Segurança pública: alerta de aproximação de veículo de emergência (Figura 3) e alerta de serviços de SOS.

  • Diagnósticos do veículo: alerta de recalls e de manutenções preventivas.

  • Informações de outros veículos: alerta cooperativo de colisão, alerta de mudança de faixa e alerta sobre condições da via.

  •   Para que o envio de informações aconteça da melhor forma, ele deve ser organizado. Conforme Chen e Cai (2005), os veículos devem ser agrupados, de modo que a área e a direção das mensagens sejam controladas (ver Figura 4).

    ARQUITETURA

     Uma vez que o objetivo é construir uma rede de comunicação entre veículos, é necessário definir qual tecnologia será utilizada. A natureza dessa rede requer uma tecnologia sem fio, porém existem várias, como as redes de celular (LTE, GSM, entre outras), as WLAN’s (Wireless Local Area Networks – 802.11 a/b/g/e/n) e Bluetooth. Dentre as tecnologias mencionadas, as redes de celular apresentam latência inapropriada às comunicações em redes veiculares, além de haver possíveis quedas de conexão, porém não é de toda descartada, pois podem oferecer serviços valiosos para esses ambientes. Quanto às redes locais (WLAN’s), os projetos já existentes da família IEEE 802.11 não suportavam as comunicações V2V e V2I, principalmente porque as redes veiculares possuem características singulares, conforme visto na seção Características, as quais trazem desafios não contemplados na especificação dessas tecnologias. Por fim, as redes construídas sobre a tecnologia Bluetooth também apresentam desvantagens quando aplicadas às redes veiculares, tais como a limitação do número de nós e a baixa taxa de transferência.

     Era necessário, portanto, o desenvolvimento de uma tecnologia padronizada e específica para o ambiente veicular. Essa iniciativa começou com a alocação da faixa de comunicação de curto alcance dedicada (DSRC – Dedicated Short Range Communications), em 1999, pelos Estados Unidos, consistindo de 75 MHz na faixa de 5,9 GHz, dividida em sete canais (ver Figura 5). Em 2004, o IEEE deu início à uma emenda ao padrão 802.11 para adaptá-lo às requisições das redes veiculares, tornando-se conhecida como 802.11p. Essa emenda define as alterações na camada Física e de Enlace. Quanto às camadas superiores, o grupo IEEE 1609 ficou responsável por desenvolver as especificações. Os padrões IEEE 802.11p e IEEE 1609 definem juntos a arquitetura WAVE (ver Figura 6). Alguns dos documentos são mencionados abaixo.


  • IEEE 1609.0 (2019): Descreve a arquitetura WAVE e serviços necessários para dispositivos WAVE se comunicarem em um ambiente veicular móvel.

  • IEEE 1609.1 (2006): Especifica a aplicação DSRC (Dedicated Short Range Communication), conhecida como Gerenciador de Recursos WAVE (RM – Resource Manager), desenvolvida para permitir às aplicações em locais remotos se comunicarem com os OBU’s através de RSU’s.

  • IEEE 1609.2 (2017): Descreve os formatos e processamentos de mensagens seguras para uso por dispositivos WAVE. Também descreve funções administrativas necessárias para suportar as principais funções de segurança.

  • IEEE 1609.3 (2010): Especifica os serviços para as camadas de Rede e Transporte. Há a novidade de que o WAVE suporta duas pilhas de protocolo: IPv6 e WSMP (WAVE Short-Message Protocol), isso porque há comunicações de alta prioridade e sensíveis ao tempo e outras em que não os resultados de uma comunicação com maior atraso ou perda não são críticas.

  •  Tal arquitetura deve suportar comunicações V2V e V2I. Para tanto, dois componentes são fundamentais e compõem o sistema WAVE: as unidades de bordo (OBU’s – On-Board nits), localizados nos veículos, e as unidades de acostamento (RSU’s – RoadSide Units), fixos em estruturas às margens das vias, como postes e semáforos. As OBU’s possibilitam a comunicação V2V, realizam o roteamento entre os nós e o controle de congestionamento, fornecem segurança aos dados, utilizam serviços das RSU’s, dentre outras funções. Em suas estruturas, são compostas por um processador de comandos de recursos (RCP – Resource Command Processor) e seus recursos, que incluem uma memória de leitura e escrita, uma interface de usuário e uma interface especializada para conectar a outras OBU’s e um dispositivo para comunicação de curto alcance baseado na tecnologia IEEE 802.11p. Por outro lado, as RSU’s possibilitam a comunicação V2I e hospedam aplicações que ofereçam serviços, tais como acesso à outras redes ou serviços que reunam informações de vários veículos com uma comunicação direta – sem veículos intermediários, reduzindo o atraso das mensagens. Além disso, elas podem aumentar o alcance das redes veiculares retransmitindo as mensagens para outras OBU’s ou RSU’s. São equipadas com um dispositivo de rede para comunicação de curto alcance baseado na tecnologia IEEE 802.11p e pode ser equipada com outros dispositivos de rede para conectá-las à outras infraestruturas de rede.

     Uma outra abordagem para a arquitetura pode ser feita com relação às aplicações. Em arquiteturas de redes do tipo 802.11, existem os Conjuntos de Serviços (SS – Service Set), de modo que duas estações podem se comunicar uma com a outra se elas pertencerem ao mesmo SS. Três tipos de SS estão definidas: Basic Service Set (BSS), Independent BSS (IBSS) e Extended Service Set (ESS).


  • Basic Service Set (BSS): Inclui um ponto de acesso (AP – Access Point), que se comporta como uma estação controladora.

  • Independent BSS (IBSS): É formado por estações sem a necessidade de infraestrutura. Geralmente, é chamada de Ad-hoc Network.

  • Extended Service Set (ESS): Consiste da união de duas ou mais BSS’s conectadas por um Sistema de Distribuição (DS – Distribution System).

  •  Uma estação em IBSS que se comporte como um ponto de acesso de BSS transmite periodicamente uma sinalização contendo o SSID (Service Set IDentification) do serviço que ela oferece. No ponto de vista das outras estações, ao receber essa sinalização, ela pode ingressar ao serviço sincronizando seu tempo e frequência com aquele contido na sinalização. Não há problema em usar essa arquitetura para as aplicações WAVE, porém não é eficiente naquelas voltadas para a segurança, pois vários passos são exigidos para a formação de um SS, como sincronização, autenticação e associação, sendo mais ideal a utilização de mensagens pelo protocolo WSMP, que pode pular essas etapas (ver Protocolos). Nas redes veiculares, o correspondente à estação que inicia o serviço é o Dispositivo Provedor, o qual transmite Anúncios de Serviços WAVE (WSA – WAVE Service Advertisement) para indicar a disponibilidade para troca de mensagens a um ou mais Canais de Serviço (SCH – Service Channel). Por outro lado, as estações que recebem as sinalizações são equivalentes aos Dispositivos Receptores, os quais têm a possibilidade de ingressar no serviço após receber um WSA.


    Arquitetura - Figuras

    PROTOCOLOS

     Conforme já visto, a VANET é uma subcategoria da MANET, mas assim como a tecnologia precisou ser adaptada, é preciso que os protocolos também levem em conta as características dessa rede.

     Uma das novidades que acompanham a arquitetura WAVE se encontra na terceira e na quarta camada, segundo o modelo OSI - camada de rede e camada de transporte, respectivamente. O padrão WAVE suporta duas pilhas de protocolo na camada de rede, sendo elas o IPv6 (Internet Protocol version 6) e WSMP (WAVE Short Message Protocol), ocupando ainda a camada de transporte com os protocolos TCP/UDP, caso o IPv6 seja utilizado, e WSMP, caso contrário.


  • IPv6: Essa pilha de protocolos é incluída para suportar aplicações não voltadas para segurança (ver Aplicações), principalmente para transmissão de dados da Internet.

  • WSMP: Em aplicações voltadas para a segurança (ver Aplicações), as quais possuem alta prioridade e são sensíveis ao tempo, exigindo baixa latência nas comunicações, o ideal é a troca de mensagens através do protocolo WSMP, facilitando a comunicação entre os veículos nesse ambiente. Isso ocorre porque o WSMP permite o controle direto dos parâmetros das camadas inferiores, tais como poder de transmissão, taxa de dados e endereços MAC do receptor. Além disso, a comunicação através do canal de controle pode pular as etapas de formação de uma WBSS (WAVE Basic Service Set). O formato de uma mensagem WSMP é apresentado na Figura 7. Após o recebimento de dados de uma WSM (WAVE Short Message), WSMP gera e inclui seu cabeçalho nos dados recebidos e faz uma requisição para que as camadas inferiores façam a transmissão do pacote. Ao chegar no destino, as camadas inferiores fazem o seu processamento e entregam o pacote para o protocolo da camada de rede especificado no pacote, nesse caso, o WSMP.

  •   Nos últimos anos, muita atenção se tem dado ao desenvolvimento de protocolos de roteamento para o ambiente de redes veiculares. Diante disso, (Taleb, 2018) apresenta alguns desses protocolos que têm sido desenvolvidos utilizando o critério de classificação baseado nas características e técnicas usadas pelo protocolo de roteamento. Assim, eles podem ser divididos nas seguintes categorias: Topology Based, Position Based, Geocast Based, Broadcast e Cluster Based. A Figura 8 mostra os protocolos de roteamento divididos conforme essas categorias e alguns protocolos desenvolvidos que se encaixam nelas.


  • Topology Based: Nessa categoria, cada nó mantém uma tabela de roteamento contendo todas as informações relacionadas ao roteamento. O objetivo é encontrar o menor caminho entre o nó origem e o nó destino. O momento em que um nó atualiza sua tabela de roteamento é de essencial importância, dando origem a uma subdivisão dessa categoria em três outras, sendo elas: Protocolos de Roteamento Proativos, Reativos e Híbridos. 1) Em protocolos de roteamento proativos, a tabela de roteamento de cada nó deve ser mantida sempre atualizada e pronta para uso, de modo que essa atualização precisa ocorrer quando novos nós entram ou deixam a rede ou quando um enlace é estabelecido ou quebrado. Há, entretanto, uma sobrecarga da rede e, por consequência, um efeito negativo sobre a vazão. São exemplos de protocolos de roteamento proativos os protocolos DSDV (Destination Sequence Distance Vector), OLSR (Optimized Link State Routing) e Fisheye State Routing (FSR). 2) Nos protocolos de roteamento reativos, a rota só é determinada quando há necessidade. Isso significa que quando um nó móvel precisa transmitir um pacote para um dado destino, uma rota será descoberta usando técnicas de descoberta e manutenção de rotas. São exemplos de protocolos de roteamento reativos: Ad Hoc On Demand Distance Vector (AODV), AODV Preferred Group Broadcasting (AODV + PGB), Dynamic Source Routing (DSR) e Temporally-Ordered Routing Algorithm (TORA). 3) Protocolos que combinam as duas categorias acima mencionadas se encaixam na categoria dos protocolos de roteamento híbridos. O motivo de tal combinação é reduzir o tempo gasto em descobrir uma rota entre um nó fonte e um nó destino. Zone Routing Protocol (ZRP) e Zone-based Hierarchical Link State (ZHLS) são exemplos de protocolos que caem nessa categoria.

  • Position Based: São protocolos que dependem das informações de localização dos veículos para enviarem ou receberem mensagens. Essas informações podem vir de diferentes fontes, como por exemplo o GPS (Global Positioning Systems). Dessa forma, não é necessário manter informações sobre a topologia da rede. Esses protocolos, portanto, para que funcionem adequadamente, devem determinar as velocidades e direções dos movimentos de nós intermediários para obterem informações para um roteamento correto. São exemplos de protocolos nessa categoria os protocolos Distance Routing Effect Algorithm for Mobility (DREAM), Greedy Perimeter Stateless Routing (GPSR) e Reliability Improving Position-based Routing (RIPR).

  • Geocast Based: Esses tipos de protocolos fazem o roteamento de um pacote de origem no nó fonte a todos os nós que se encontram na zona de relevância (ZOR – Zone of Relevance ), ou seja, há uma transmissão multicast baseada na posição da área de interesse na qual se encontram os veículos que irão receber a mensagem geocast. Dentre os protocolos desenvolvidos para essa categoria, pode-se citar o protocolo RObust VEhicular Routing (ROVER), The Distributed Robust Geocast (DRG) e A geographic Routing over VANETs (GROOV).

  • Broadcast Based: Técnicas de roteamento broadcast são usadas para rotear informações em VANET. Baseiam-se em uma inundação da rede quando há a necessidade de trocar informações com veículos que se encontram fora do alcance do nó fonte. Essas trocas de mensagens estão relacionadas às condições das estradas em situações de emergência e, portanto, precisam atingir todos os nós da rede. Alguns exemplos de protocolos nessa categoria são: Distribute Vehicular Broadcast Protocols (DV-CAST), Nth-Powered P-persistent Broadcast (NPPB) e Hybrid Data Dissemination Protocol (HYDI).

  • Cluster Based: Esse protocolos consistem em dividir os nós da rede em grupos (ou clusters). Assim, veículos vizinhos formam um cluster e escolhem um dos nós como o líder de seu grupo, sendo esse responsável por gerenciar o cluster a fim de permitir comunicação entre clusters. Diferentes critérios podem ser utilizados para a divisão da rede em clusters, como o número de veículos, posição geográfica dos veículos ou a velocidade ou direção do movimento. Location-Based Routing Algorithm with Cluster-Based Flooding (LORA-CBF), Clustering for Open IVC Network Routing Protocol (COIN) e Cluster-Based Directional Routing Protocol (CBDRP) são alguns exemplos de protocolos categorizados como Cluster Based.

  • Protocolos - Figuras

    SEGURANÇA


     Um dos principais desafios encontrados nas Redes Veiculares é o de segurança. Em uma rede tão mutável e dependente do coletivo, a segurança se torna um dos aspectos centrais para seu correto funcionamento. Com a quantidade de veículos e de tráfego existentes, uma pequena falha de segurança pode levar a resultados desastrosos, sejam causados por um usuário mal intencionado ou por alguma falha acidental. Alguns exemplos de fácil entendimento podem ser citados para introduzir a questão de segurança no tópico. Por exemplo, é possível que alguém transmita informações falsamente observadas para ganhar vantagem, como reportar que há um acidente em certa via para que os outros veículos mudem seus trajetos e a via fique liberada para ele. Também há casos mais sérios, como alterar o software do veículo a partir da rede, por exemplo, desabilitando seus freios, podendo causar diversos acidentes.

     Os tipos de falha de segurança são diversos. Os principais são descritos abaixo:


  • Falta de proteção suficiente do barramento: O barramento CAN carece de proteção. Mensagens no barramento podem ser lidas por outros nós, não tem remetente ou destinatário e não são protegidas por um Autenticador de Mensagem (MAC) ou uma assinatura digital. O barramento não garante autenticidade, disponibilidade, não repúdio, integridade e confidencialidade.

  • Fraca implementação de protocolo: Em alguns casos, a implementação do protocolo é feita de tal forma que não reflete o padrão real do protocolo. Isso pode acarretar em certos problemas já previstos. Protocolos geralmente são feitos com segurança em mente e sua má implementação pode levar a resultados não desejados.

  • Uso incorreto de protocolos: O uso incorreto de protocolos, seja de maneira acidental ou maliciosa, pode acarretar em problemas de segurança. Ataques podem ser feitos ao veículo por meio dessas brechas nos protocolos. Por exemplo, pode ser feito um ataque de Negação de Serviço (DoS) ao se aproveitar do mecanismo de arbitragem do CAN. É sempre escolhida pelo CAN a mensagem com maior prioridade, ou seja, se um atacante enviar diversas mensagens de alta prioridade, os outros não poderão usar o barramento.

  • Autenticação fraca: Devido à fraca autenticação do CAN, ou até nenhuma autenticação, é possível reprogramar os ECUs ilicitamente. Isso pode acarretar a diversos problemas de invasão e de alteração do sistema de um veículo, causando problemas como o de desativação do freio, como citado anteriormente.

  • Vazamento de informação: É possível causar um vazamento de informações pela manipulação do protocolo de diagnóstico. Pode ser feito com que o Gateway não consiga diferenciar o tráfego comum do tráfego de diagnóstico, ou seja, ele encaminhará o tráfego independente de seu tipo.

  •  Com tantos problemas vigentes, e possivelmente mais problemas a serem descobertos, já existem propostas e ideias de solução e prevenção desses problemas. Pode se combater o problema de autenticação por meio de algo como um Código de Autenticação de Mensagem (MAC) ou por meio de uma assinatura eletrônica. Também é um tópico recorrente em pesquisas o estudo de Sistemas Detectores de Intrusão (IDS) para o protocolo CAN, que pode ser usado para detectar intrusões e colaborar com a segurança. A implementação de medidas de segurança se mostra difícil devido às limitações dos ECUs, como memória e processamento.


    DESAFIOS

     Uma rede composta por veículos, apesar de apresentar um vasto universo de possibilidades e inovações, traz consigo uma enorme quantidade de desafios. Tal rede se encontra constituída por uma topologia efêmera, visto que pode rapidamente adicionar-se ou remover-se nós e é formada de maneira que a distância dos nós pode variar bruscamente em um pequeno período de tempo, tudo isso em função da fluidez e dinamicidade presente no trânsito. Dito isso, os principais desafios encontrados em função desses problemas e de mais outros são encontrados listados abaixo. Os problemas relacionados aos desafios de segurança são agrupados em um tópico à parte, visto a importância dela.


  • Volatilidade da rede: Como dito na introdução, o problema mais aparente é de como se lidar com o fato da estrutura da rede ser bem dinâmica. Ou seja, as redes veiculares carecem de relações cujo contexto é de longa duração ou é recorrente. Com isso, ações como a de roteamento, se tornam problemas bem mais sérios e complicados.

  • Sensibilidade ao atraso: Diversas das aplicações de segurança e suporte ao condutor impõem prazos estritos. Como por exemplo ao avisar a um motorista sobre um acidente. É necessário que a mensagem chegue rapidamente para que um condutor possa reagir a situação. É uma árdua tarefa construir mecanismos que, ao mesmo tempo que são leves, de baixo processamento e rápida execução, são robustos o suficiente para conter as ameaças de segurança.

  • Problemas socioeconômicos: Um problema inicial desta razoavelmente nova ideia de redes veiculares se trata de como fazer com que os consumidores escolham participar da rede de veículos. Equipamentos e serviços de redes veiculares custarão um preço adicional aos consumidores em relação aos que optam pelos “transportes tradicionais”. E quanto menos usuários desta rede, menos atrativa ela se mostrará aos demais consumidores. Portanto, é necessário fazer um incentivo inicial, seja por ajuda da lei, descontos em planos de seguros, entre outros incentivos.

  • • Confiabilidade vs. Privacidade: Comunicação veicular nos dá uma excelente oportunidade para obter dados de difícil refutação, por exemplo para investigação de acidentes. Para esta e outras ocasiões, informações do veículo como coordenadas e identificações são úteis. Porém, tais dados levantam questões de privacidade. Esses dados “à mostra” para o sistema levam à implicação de saber onde o usuário está, entre outras informaçõe, todas de cunho privado.

  • Limitações de banda: Na VANET. não existe um controlador central para coordenar a comunicação entre os nós e gerenciar a banda, então há a necessidade de usá-la eficientemente. A largura de banda é bem limitada: de 10 a 20 MHz, logo, há uma grande probabilidade de congestionamento. Além disso, o ambiente de ocorre em um ambiente relativamente denso, o que aumenta ainda mais as chances de congestionamento. Com tudo isso, a latência tende a aumentar principalmente em ambientes urbanos, causando danos ao funcionamento da rede.

  • Problemas de sinal: objetos entre veículos comunicantes podem acabar afetando a eficiência da rede. Obstáculos como outros veículos ou prédios podem acabar impedindo o sinal de chegar em seu destino, sendo de difícil prevenção visto que a rede é tão mutável .

  • CONCLUSÃO


     As VANETs são uma importante subdivisão das MANETs com características cruciais para seus propósitos, dos quais se destacam aplicações não voltadas e voltadas para a segurança, cada uma delas com diversos exemplos.

     No que diz respeito à tecnologia sobre a qual a comunicação torna-se possível, a iniciativa de padronização demonstra que essa rede é possível, já havendo uma arquitetura projetada. Observa-se também que, apesar dos desafios inerentes às redes veiculares, já existem diversas propostas de protocolos de roteamento nesses ambientes.

     Por ser uma ideia razoavelmente nova e com estrutura altamente mutável, a ideia de rede veicular deixa claro que não é algo simples de se projetar e de se trabalhar com. Apresenta assim, diversos problemas a serem resolvidos, principalmente nos quesitos de latência e segurança.


    PERGUNTAS


    1) Qual característica do meio físico faz com que as mensagens possam ser lidas por todos?

    Resposta:
    Barramento único.


    2) Qual a largura de banda de um canal na rede?

    Resposta:
    10 a 20 MHz.


    3) Qual característica das VANETs é importante para a rápida troca de informações?

    Resposta:
    Baixa latência.


    4) Quais são os tipos de mensagens de segurança e as vantagens de cada um deles?

    Resposta:
    Periódica: prevenção de situações de perigo com maior frequência;
    Orientada a evento: distribuição rápida


    5) Nas redes veiculares, um novo protocolo foi desenvolvido para a camada de rede, denominado WSMP. Por que ele é necessário?

    Resposta:
    É necessário para fornecer comunicação com baixa latência em aplicações voltadas para segurança.


    ALUNOS


    Cainã Figueiredo Pereira

    Felipe Martins Fernandes de Assis

    Fernanda Veiga Gomes da Fonseca


    Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    Engenharia de Computação e Informação

    Grupo de Telecomunicações e Automação (GTA)

    Redes de Computadores I - 2019.2